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Chavistas usam máquina para atrair eleitor
DE CARACAS
Num país em que o voto não é
obrigatório, a campanha oficialista pelo "sim" tem ampla vantagem numa das principais variáveis do processo eleitoral venezuelano: a capacidade de mobilização no dia do voto.
Na manhã de ontem, a reportagem da Folha acompanhou o
trabalho dos militantes das
duas campanhas na paróquia
[distrito] de Antímano, um
imenso conjunto de favelas que
abriga cerca de 130 mil caraquenhos. Como ao longo da
campanha, o chavismo estava
mais bem organizado, com
mais recursos e se beneficiava
do aparato estatal.
Pela ruas estreitas da favela
construída sobre um morro
imenso e íngreme, havia uma
abrumadora presença da campanha em favor do sim, principalmente com cartazes. Apesar
de proibidos, carros de som
com propaganda chavista exortavam a população a votar.
Logo na saída do estação do
metrô Carapita, um quiosque
do PSUV (Partido Socialista
Unido da Venezuela) equipado
com um laptop conectado à internet, oferecia informações
sobre centros de votação. Também era oferecido transporte,
feito por dois micro-ôninbus,
dois jeeps e duas motos.
O quiosque dispunha de uma
planilha que classificava os
centros de votação de "urgente", "importante" e "necessário". Segundo o militante Fidel
Peña, o objetivo era concentrar
os esforços onde houve mais
abstenção nas eleições regionais de novembro passado.
Por volta de 12h, membros
da Reserva, com farda militar,
chegaram numa camionete para entregar marmitas e refrigerantes aos militantes.
A convite, a reportagem subiu numa das camionetes e
percorreu partes do centro de
votação. Ao lado do motorista,
a militante Nancy Bracamonte,
42, anotava o nome e o número
da cédula de identidade dos
passageiros. Segundo ela, a lista seria usada para pagar o dono da camionete.
Voluntária de um programa
de esporte, Bracamonte não
parou de elogiar os programas
sociais de Chávez durante todo
o percurso de uma hora. Ela se
mostrava confiante na vitória,
apesar de o chavismo ter sido
derrotado na eleição para governador distrital de Caracas.
"Em novembro, as pessoas
não votaram porque não gostavam do candidato. Desta vez, é
diretamente com Chávez."
Pouco depois, a reportagem
entrou numa camionete da
campanha oposicionista, usada
tanto para levar eleitores como
para distribuir comida às testemunhas de mesa. "Não temos
muitos carros disponíveis",
justificou Domingo Pérez, um
dos coordenadores oposicionistas de Antímano.
Ao contrário da camionete
chavista, não havia propaganda
visível no veículo. "Os chavistas
mobilizaram muito mais gente.
O problema é que estamos lutando contra um Estado", disse
a diretora de escola Judith Rey,
48, do partido Copei (democrata-cristão, de direita).
(FM)
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