São Paulo, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

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Chavistas usam máquina para atrair eleitor

DE CARACAS

Num país em que o voto não é obrigatório, a campanha oficialista pelo "sim" tem ampla vantagem numa das principais variáveis do processo eleitoral venezuelano: a capacidade de mobilização no dia do voto.
Na manhã de ontem, a reportagem da Folha acompanhou o trabalho dos militantes das duas campanhas na paróquia [distrito] de Antímano, um imenso conjunto de favelas que abriga cerca de 130 mil caraquenhos. Como ao longo da campanha, o chavismo estava mais bem organizado, com mais recursos e se beneficiava do aparato estatal.
Pela ruas estreitas da favela construída sobre um morro imenso e íngreme, havia uma abrumadora presença da campanha em favor do sim, principalmente com cartazes. Apesar de proibidos, carros de som com propaganda chavista exortavam a população a votar.
Logo na saída do estação do metrô Carapita, um quiosque do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) equipado com um laptop conectado à internet, oferecia informações sobre centros de votação. Também era oferecido transporte, feito por dois micro-ôninbus, dois jeeps e duas motos.
O quiosque dispunha de uma planilha que classificava os centros de votação de "urgente", "importante" e "necessário". Segundo o militante Fidel Peña, o objetivo era concentrar os esforços onde houve mais abstenção nas eleições regionais de novembro passado.
Por volta de 12h, membros da Reserva, com farda militar, chegaram numa camionete para entregar marmitas e refrigerantes aos militantes.
A convite, a reportagem subiu numa das camionetes e percorreu partes do centro de votação. Ao lado do motorista, a militante Nancy Bracamonte, 42, anotava o nome e o número da cédula de identidade dos passageiros. Segundo ela, a lista seria usada para pagar o dono da camionete.
Voluntária de um programa de esporte, Bracamonte não parou de elogiar os programas sociais de Chávez durante todo o percurso de uma hora. Ela se mostrava confiante na vitória, apesar de o chavismo ter sido derrotado na eleição para governador distrital de Caracas.
"Em novembro, as pessoas não votaram porque não gostavam do candidato. Desta vez, é diretamente com Chávez."
Pouco depois, a reportagem entrou numa camionete da campanha oposicionista, usada tanto para levar eleitores como para distribuir comida às testemunhas de mesa. "Não temos muitos carros disponíveis", justificou Domingo Pérez, um dos coordenadores oposicionistas de Antímano.
Ao contrário da camionete chavista, não havia propaganda visível no veículo. "Os chavistas mobilizaram muito mais gente. O problema é que estamos lutando contra um Estado", disse a diretora de escola Judith Rey, 48, do partido Copei (democrata-cristão, de direita). (FM)


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