São Paulo, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

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Sem Bush e TLC, Uribe quer reforçar laço com Brasil

Em busca de investimentos, presidente da Colômbia encontra empresários em São Paulo hoje; encontro com Lula será amanhã

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, inicia hoje, em São Paulo, uma visita de dois dias ao Brasil cujo objetivo maior é atrair investimentos brasileiros, num momento em que a principal aposta do país -o Tratado de Livre Comércio com os EUA- segue travada no Congresso americano.
Uribe se reúne amanhã com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília -o colombiano retribui visita de Lula à Colômbia em julho passado.
Hoje, acompanhado pelo chanceler Jaime Bermúdez e pelo ministro do Comércio, Luis Guillermo Plata, o presidente terá três encontros com grupos de empresários em São Paulo, um deles na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Deve ser recebido também pelo governador José Serra (PSDB).
O foco de Uribe é o déficit colombiano no intercâmbio comercial bilateral, de US$ 1,4 bilhão. "Temos de compensar [o déficit] pela via dos investimentos brasileiros na Colômbia", disse o presidente.
O Brasil representa apenas 3% nas exportações colombianas, mas a vendas tiveram crescimento de 94% entre 2007 e 2008 (US$ 819 milhões).
Já a Colômbia é um mercado qualificado para o empresariado brasileiro, com total de US$ 2,2 bilhões exportado em 2008. Nas vendas, destaque para os aviões, de combate e civis, fabricados pela Embraer.

Aproximação
A visita de Estado de Uribe em Brasília é também parte do esforço de estreitamento da relação bilateral -considerada boa, mas superficial, após anos de atenção de Bogotá à aliança com os EUA, agora sob revisão com a saída de George W. Bush da Casa Branca.
Também acontece dez dias após o Exército brasileiro ter dado apoio logístico à missão que retirou da selva seis reféns libertados unilateralmente pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Uribe telefonou para agradecer Lula pela participação discreta na operação. O governo brasileiro, à diferença do venezuelano no passado, não fez comentários sobre o tema e frustrou a expectativa das Farc de ensaiar uma interlocução.
Mas há ainda caminho a percorrer na aproximação entre os dois mais bem avaliados presidentes da América Latina. O conservador Uribe, ainda que participe, não tem sido um entusiasta das iniciativas brasileiras como a Unasul (União de Nações Sul-Americanas) e seu Conselho de Defesa, instâncias sem a participação dos EUA.
Lula recentemente cobrou que a imprensa questionasse o conservador Uribe, e não apenas o esquerdista Hugo Chávez, sobre as intenções de tentar um terceiro mandato presidencial. O colombiano tem sido escorregadio sobre o tema.
(FLÁVIA MARREIRO)


Com agências internacionais


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