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Visita de Hillary põe China como prioridade de Obama
Viagem é a primeira de chanceler, ante relação cada vez mais interdependente com Pequim
Tour pela Ásia inclui paradas no Japão e na Coreia; pauta de debate foca ambiente, direitos humanos e energia, além de parceria econômica
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
A China é a última parada da
viagem de estreia de Hillary
Clinton como secretária de Estado dos EUA, que começa hoje
no Japão e passa por Coreia do
Sul e Indonésia. Mas em importância estratégica, o gigante
asiático é o primeiro, e a visita
marca o que vem sido descrito
como alargamento do foco de
Washington em Pequim.
A secretária de Estado estará
na capital chinesa entre os próximos dias 20 e 22. A intenção
aparente do governo de Barack
Obama é fortalecer o debate sobre energia, ambiente e direitos
humanos. Na última década, o
foco esteve na economia.
O simples fato de a Ásia ter sido escolhida como primeiro
destino de Hillary tem peso.
Após telefonema ao presidente
chinês, Hu Jintao, Obama afirmou que a China protagoniza a
mais importante relação bilateral com o país. "Alguns creem
que uma China em ascensão é,
por definição, um adversário,
disse ela em discurso na Sociedade da Ásia em Nova York na
última sexta. "Ao contrário, nós
cremos que os EUA e a China
podem se beneficiar e contribuir com o sucesso mútuo."
A chanceler disse ser "do interesse" dos EUA fortalecer a
colaboração e anunciou que os
dois países irão retomar logo
discussões de nível intermediário entre suas Forças Armadas.
"A questão é que os EUA sabem que não podem avançar
em áreas de preocupação
transnacional sem haver cooperação com a China", afirmou
à Folha David Lampton, diretor do programa de estudos
chineses da Universidade
Johns Hopkins (EUA).
Mas a iniciativa é carregada
de tensão. Obama e Hillary
afirmaram durante suas campanhas à Presidência que pretendiam endurecer com a China em direitos humanos. No site da Casa Branca, o governo cita como um de seus objetivos
"garantir que a China siga as
regras internacionais".
O governo do país é criticado
nos EUA não só pelo histórico
de violação dos direitos humanos mas também por ser hoje o
maior poluidor do planeta e
um dos principais consumidores de recursos energéticos
-áreas em que os norte-americanos também têm problemas.
Entretanto há entre especialistas temor de que, com a recessão, esta seja a hora errada
para discutir pontos de atrito.
Os EUA não querem se arriscar a irritar os chineses ante laços econômicos cada vez mais
interdependentes. A China é
um dos principais credores do
Tesouro americano. É também
o país de quem os EUA mais
importam (16,9%) e o terceiro
maior destino de exportações
americanas (5,6%). Os EUA são
o principal destino das exportações chinesas (19%).
Na última década, o déficit
comercial dos EUA para a China aumentou mais de cinco vezes, chegando a US$ 266,3 bilhões no ano passado.
Um aspecto problemático
para Washington é o câmbio. O
governo Obama, na voz do secretário do Tesouro Timothy
Geithner, recentemente acusou Pequim de "manipular"
sua moeda (o que manteria exportações chinesas baratas).
Autoridades chinesas foram
rápidas em responder que o comentário "não se apoia em fatos" -Pequim deixou o yuan se
valorizar 21% nos dois últimos
anos e está agora preocupado
com as provisões protecionistas "Buy American" (para privilegiar a compra de produtos
nacionais) do pacote de estímulo econômico de Obama.
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