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Chávez sofre derrota na Justiça
DA REDAÇÃO
Uma decisão da câmara eleitoral da Suprema Corte da Venezuela reacendeu as esperanças da
oposição de que seja convocado
um referendo sobre a permanência do presidente Hugo Chávez no
poder. Com o clima de polarização no país, a decisão pode provocar uma crise na Justiça.
Foi determinado pela câmara
eleitoral que sejam consideradas
válidas as 870 mil assinaturas que,
segundo decisão anterior do CNE
(Conselho Nacional Eleitoral),
deveriam ser confirmadas no fim
do mês pelos signatários de abaixo-assinado a favor do referendo.
Para a câmara eleitoral, as pessoas que considerarem que suas
assinaturas foram incluídas de
forma fraudulenta é que devem
comparecer para retirar os seus
nomes do abaixo-assinado.
A necessidade de confirmação
das 870 mil assinaturas havia inviabilizado a convocação do referendo. Os opositores dizem ter
reunido mais de 3 milhões de assinaturas no fim do ano passado.
Apenas 1,8 milhão foram consideradas válidas pelo CNE. O mínimo para a convocação do referendo é 2,4 milhões. Com a possível
validação das 870 mil assinaturas,
o patamar seria atingido.
A medida foi tomada após recurso impetrado pelos opositores
na semana passada.
O risco para a oposição é de que
a medida seja revogada ou considerada inválida. O governo já recorreu à câmara constitucional da
Suprema Corte, uma instância
acima da câmara eleitoral.
A Suprema Corte da Venezuela,
composta por 21 membros, é dividida em diversas câmaras, entre
elas a eleitoral e a constitucional.
Na semana passada, a câmara
constitucional, de maioria chavista, havia determinado que a eleitoral não poderia se pronunciar
sobre a validade das assinaturas.
Para advogados constitucionalistas, a decisão da câmara eleitoral
abre uma crise institucional.
A câmara constitucional deve
aceitar o pedido de revogação da
medida feito pelo governo, segundo analistas.
A oposição pediu ontem o "acatamento imediato" da decisão da
câmara eleitoral da Suprema Corte. "Todos são obrigados a acatá-la", disse Enrique Mendoza, líder
da coalizão opositora Coordenação Democrática.
Freddy Bernal, prefeito de Caracas, disse em nome do chavista
MVR (Movimento Quinta República) que a decisão da câmara
eleitoral "é ilegal.
O CNE não se pronunciou sobre
a decisão da câmara eleitoral. O
presidente venezuelano também
evitou comentar a medida contrária ao seu governo.
Após o CNE anunciar, no início
do mês, a decisão de que as 870
mil assinaturas eram inválidas e
que os signatários deveriam confirmá-las, uma nova onda de manifestações e choques violentos
ocorreu na Venezuela, envolvendo opositores e partidários de
Chávez. Ao menos nove pessoas
morreram nos incidentes.
Se o referendo for realizado antes de agosto e a população optar
pela saída de Chávez, serão convocadas eleições presidenciais em
um prazo de 30 dias. Caso contrário, o vice-presidente José Vicente
Rangel completará os anos que
restam do mandato.
O governo afirma que a oposição tenta mais uma vez dar um
golpe, após abril de 2002 (quando
Chávez chegou a ser deposto por
48 horas) e dezembro do mesmo
ano (mês no qual teve início uma
greve de 63 dias que buscava derrubar o presidente). Já a oposição
acusa Chávez de violar os direitos
humanos, de implementar uma
política econômica irresponsável
e de usar de todos os meios para
se eternizar no poder.
Com agências internacionais
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