São Paulo, sexta-feira, 16 de março de 2007

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Terrorista confessou morte de jornalista em 2002, diz transcrição do Pentágono

DO "NEW YORK TIMES"

Khalid Shaikh Mohammed, que assumiu a responsabilidade pelos atentados do 11 de Setembro, disse ter decapitado o jornalista americano Daniel Pearl, segundo a transcrição de seu depoimento em uma audiência conduzida pelas Forças Armadas dos Estados Unidos em Guantánamo, no sábado. A transcrição, com alguns trechos censurados, foi divulgada pelo Pentágono.
Funcionários do governo dos EUA e o presidente paquistanês, Pervez Musharraf, afirmaram que Mohammed tomou parte no assassinato de Pearl, repórter do "Wall Street Journal", em 2002, no Paquistão. O trecho do depoimento diz: "Decapitei com minha abençoada mão direita a cabeça do judeu americano Daniel Pearl". Mohammed, que há muito era tido como um dos organizadores dos ataques do 11 de Setembro, confessou sua participação nos atentados e admitiu responsabilidade total ou parcial por mais de 30 outros ataques e complôs terroristas, segundo a transcrição.
Consta da lista uma gama de atividades de terrorismo, que variavam de planos para atentados com explosivos contra prédios de Nova York e Londres a complôs para assassinar os ex-presidentes Jimmy Carter e Bill Clinton, bem como o papa João Paulo 2º.
Em um depoimento desconexo, Mohammed, um dos principais auxiliares de Osama bin Laden, afirmou que suas ações eram parte de uma campanha militar. "Não estou feliz por 3.000 pessoas terem sido mortas nos EUA", ele afirmou. "Chego a lamentar o fato. Não gosto de matar crianças." Mohammed disse que seu depoimento ao tribunal, no sábado, não foi realizado sob intimidação, mas em outros trechos da transcrição havia indicações de que ele alegara ter sido vítima de maus-tratos quando esteve sob custódia da CIA, em 2003.
Em suas declarações, Mohammed se descreveu como "comandante militar operacional de todas as operações estrangeiras" da Al Qaeda no mundo. Ele delineou uma vasta série de complôs que não foram executados. Entre os alvos, disse, havia edifícios de escritórios em Chicago, Los Angeles e Nova York e a sede da Bolsa de Valores em Manhattan.
Mohammed disse que comandava "a célula de produção de armas biológicas (...) e que supervisionava as operações com bombas sujas em território americano". Ele declarou igualmente haver tomado parte "no levantamento de dados e fundos para o assassinato" de diversos ex-presidentes dos Estados Unidos. Não se sabe ao certo que proporção das vastas alegações de Mohammed corresponde à verdade. Em 2005, a Comissão do 11 de Setembro declarou que Mohammed era notório por suas ambições extravagantes e, usando suas iniciais, descreveu a visão dele para "um teatro, um espetáculo de destruição, com KSM como astro, escalado por ele mesmo para o papel de superterrorista".
Mohammed, 41, é paquistanês mas cresceu no Kuait e se formou na Universidade Técnica e Agrícola da Carolina do Norte, em 1986. Foi capturado no Paquistão e, em 2003, entregue à CIA.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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