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Abbas anuncia governo de união palestina
Israel critica, e EUA não comentam novo gabinete que deve pôr fim a conflitos entre o Fatah e o Hamasp
DA REDAÇÃO
O presidente da Autoridade
Nacional Palestina, Mahmoud
Abbas, apresentou ontem a
composição do governo de
união entre seu partido, o laico
Fatah, com o grupo radical islâmico Hamas, do primeiro-ministro Ismail Haniyeh, que foi
reconduzido ao cargo.
O anúncio do novo governo
em princípio põe fim aos conflitos internos entre palestinos,
que fizeram em seis meses dezenas de mortos em Gaza.
O governo israelense afirma
que não dialogará com o novo
gabinete, porque o Hamas não
renunciou ao terrorismo e continua a não reconhecer Israel.
"Foi um recuo", disse David Baker, porta-voz do primeiro-ministro Ehud Olmert.
Dois sites do grupo islâmico
indicam que o novo governo
continuará a apoiar "a resistência contra a ocupação" israelense, embora prometa "respeitar" os acordos previamente
concluídos com Israel, conforme recomendação feita em Meca, em fevereiro, em encontro
de reconciliação palestina, patrocinado pelos sauditas.
O gabinete é composto por
25 ministros. O Hamas ficou
com 13 pastas para seus dirigentes ou simpatizantes, entre
elas as de Economia, Justiça,
Educação e Planejamento.
Couberam ao Fatah cinco ministérios, entre eles os de
Transporte, Saúde e Obras Públicas. Há ainda cinco ministros sem filiação partidária e
dois outros de grupos menores,
como o Partido Comunista.
Reação americana
Em Washington, o porta-voz
do Departamento de Estado,
Sean McCormack, disse que o
governo americano não se pronunciará antes que o programa
do novo governo seja publicado. Reiterou, no entanto, que
mantém o presidente Abbas
como principal interlocutor.
George W. Bush pediu ao
Congresso autorização para
enviar US$ 86 milhões às forças
de segurança sob o comando do
presidente palestino.
Nas últimas semanas, os Estados Unidos reiteradamente
afirmaram que apenas reconheceriam o novo governo e retomariam a transferência de
fundos para os palestinos se o
Hamas reconhecesse Israel.
Essa é também a posição do
chamado "Quarteto" (Estados
Unidos, Rússia, Nações Unidas
e União Européia), encarregado de acompanhar o processo
de paz na região.
Entre seus integrantes, no
entanto, inexiste unanimidade.
Javier Solana, chefe da diplomacia da UE, disse ser necessário esperar mais um pouco.
Mas a França, integrante da
UE, afirmou por meio de seu
ministro do Exterior, Philippe
Douste-Blazy, que "uma nova
página" estava virada nas relações entre palestinos e a comunidade internacional.
Foi a única reação, excetuada
a da Liga Árabe, que viu no novo gabinete o início da solução
para as questões pendentes.
Asfixia econômica
O Reino Unido e os franceses
querem retomar a ajuda financeira à ANP, suspensa no início
do ano passado, quando o Hamas venceu as eleições legislativas em Gaza e na Cisjordânia.
Analistas acreditam que
Londres e Paris temem uma radicalização que favoreça o Hamas e pequenos grupos terroristas, caso prossiga o processo
de asfixia econômica da ANP.
Um enfraquecimento ainda
maior dos órgãos públicos locais favorece a ampliação de
um vazio institucional, que as
mesquitas, com afinidades com
o Hamas, continuariam a
preencher.
Com agências internacionais
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