São Paulo, sexta-feira, 16 de março de 2007

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Abbas anuncia governo de união palestina

Israel critica, e EUA não comentam novo gabinete que deve pôr fim a conflitos entre o Fatah e o Hamasp DA REDAÇÃO

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, apresentou ontem a composição do governo de união entre seu partido, o laico Fatah, com o grupo radical islâmico Hamas, do primeiro-ministro Ismail Haniyeh, que foi reconduzido ao cargo.
O anúncio do novo governo em princípio põe fim aos conflitos internos entre palestinos, que fizeram em seis meses dezenas de mortos em Gaza.
O governo israelense afirma que não dialogará com o novo gabinete, porque o Hamas não renunciou ao terrorismo e continua a não reconhecer Israel. "Foi um recuo", disse David Baker, porta-voz do primeiro-ministro Ehud Olmert.
Dois sites do grupo islâmico indicam que o novo governo continuará a apoiar "a resistência contra a ocupação" israelense, embora prometa "respeitar" os acordos previamente concluídos com Israel, conforme recomendação feita em Meca, em fevereiro, em encontro de reconciliação palestina, patrocinado pelos sauditas.
O gabinete é composto por 25 ministros. O Hamas ficou com 13 pastas para seus dirigentes ou simpatizantes, entre elas as de Economia, Justiça, Educação e Planejamento. Couberam ao Fatah cinco ministérios, entre eles os de Transporte, Saúde e Obras Públicas. Há ainda cinco ministros sem filiação partidária e dois outros de grupos menores, como o Partido Comunista.

Reação americana
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, disse que o governo americano não se pronunciará antes que o programa do novo governo seja publicado. Reiterou, no entanto, que mantém o presidente Abbas como principal interlocutor.
George W. Bush pediu ao Congresso autorização para enviar US$ 86 milhões às forças de segurança sob o comando do presidente palestino.
Nas últimas semanas, os Estados Unidos reiteradamente afirmaram que apenas reconheceriam o novo governo e retomariam a transferência de fundos para os palestinos se o Hamas reconhecesse Israel.
Essa é também a posição do chamado "Quarteto" (Estados Unidos, Rússia, Nações Unidas e União Européia), encarregado de acompanhar o processo de paz na região.
Entre seus integrantes, no entanto, inexiste unanimidade. Javier Solana, chefe da diplomacia da UE, disse ser necessário esperar mais um pouco.
Mas a França, integrante da UE, afirmou por meio de seu ministro do Exterior, Philippe Douste-Blazy, que "uma nova página" estava virada nas relações entre palestinos e a comunidade internacional.
Foi a única reação, excetuada a da Liga Árabe, que viu no novo gabinete o início da solução para as questões pendentes.

Asfixia econômica
O Reino Unido e os franceses querem retomar a ajuda financeira à ANP, suspensa no início do ano passado, quando o Hamas venceu as eleições legislativas em Gaza e na Cisjordânia.
Analistas acreditam que Londres e Paris temem uma radicalização que favoreça o Hamas e pequenos grupos terroristas, caso prossiga o processo de asfixia econômica da ANP.
Um enfraquecimento ainda maior dos órgãos públicos locais favorece a ampliação de um vazio institucional, que as mesquitas, com afinidades com o Hamas, continuariam a preencher.


Com agências internacionais


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