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Ex-presidente reformista do Irã deve retirar candidatura
Khatami estuda renunciar em favor do ex-premiê Moussavi, que teria mais chances
Oposição a Ahmadinejad tem 3 candidatos ao pleito de 12 de junho; reunião hoje com editor Mehdi Karubi pode selar um nome único
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
O ex-presidente reformista
do Irã Mohammad Khatami
(1997-2005) deve retirar sua
candidatura às eleições de 12 de
junho. Ele se encontrou na tarde de ontem em Teerã com o
ex-premiê Mir Hossein Moussavi, que anunciou sua candidatura no último dia 9, depois de
meses de especulação.
Khatami era considerado o
favorito para conseguir derrotar o ultraconservador presidente Mahmoud Ahmadinejad,
caso este confirme a candidatura à reeleição.
Moussavi, que foi primeiro-ministro entre 1981 e 1989, antes de o cargo ser extinto, deve
se tornar o candidato único dos
reformistas iranianos.
A campanha deve ser marcada pela crise econômica, devido
à queda do preço do petróleo. A
inflação está próxima de 40% e
o desemprego está em alta.
Na política iraniana, não há
chances de que candidatos concorram sem o consentimento
do líder religioso supremo, o
aiatolá Ali Khamenei.
Além da crise, Khamenei
quer saber quem é o melhor
presidente para dialogar com o
governo do presidente americano Barack Obama, caso avancem os planos de aproximação
entre os dois países, segundo
analistas ouvidos pela Folha.
Mas eles divergem sobre o
porquê da decisão de Khatami
de abandonar a campanha. Alguns acreditam que ele prefere
que o campo reformista tenha
um candidato único e que
Moussavi é um nome que gera
mais consenso. "Khatami fez
muitos inimigos entre os conservadores", disse uma fonte.
Incógnita
Outros acham que Khatami
foi surpreendido pela candidatura de Moussavi e não aceita
concorrer sob o racha entre os
reformistas. Na blogosfera iraniana, a intenção de Khatami já
provocou lamentações -os internautas lembravam a relativa
liberação dos costumes sob sua
Presidência, embora muitos
eleitores jovens tenham se decepcionado com a lentidão e o
pequeno alcance das reformas.
Já o decorador, pintor e arquiteto Moussavi, 67, é uma incógnita para especialistas na
política iraniana. Desde 1989,
Moussavi se afastou da política
e não faz declarações públicas.
Preside a Academia de Artes
do Irã e pertence ao Alto Conselho da Revolução Cultural,
mas se diz que não frequenta
reuniões políticas há anos.
Seu nome já havia circulado
como possível candidato reformista nas eleições de 1997 e
2005, mas ele não se apresentou "por ter recebido sinais de
que não era o momento" - ele
foi na época desestimulado pelo aiatolá Khamenei, que presidia o país quando Moussavi era
premiê. Não se sabe como é a
relação dos dois depois de tantos anos.
Há um terceiro candidato reformista, o editor Mehdi Karubi, que já foi presidente do Parlamento e que é considerado
populista (ficou famoso como
"senhor dos 50 mil riais", por
sugerir que o governo distribuísse cédulas desse valor para
estimular o consumo).
Moussavi e Khatami devem
se reunir hoje com Karubi, que
também poderia abandonar a
candidatura para favorecer o
nome único da oposição.
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