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IRAQUE OCUPADO
RECONSTRUÇÃO
Oitenta líderes reúnem-se com americano e divulgam documento prevendo democracia
Sob protestos, começa diálogo político
DA REDAÇÃO
Os EUA promoveram ontem a
primeira reunião com representantes das diversas etnias e movimentos iraquianos e sugeriram
que eles colocassem suas diferenças de lado e trabalhassem para
construir uma democracia no Iraque pós-Saddam Hussein.
A reunião ocorreu em meio a
um crescimento de protestos em
relação aos planos dos EUA de
administrar interinamente o país
até a eleição de um governo estritamente iraquiano.
Uma declaração de 13 pontos
foi aprovada. Prevê que o Iraque
será uma democracia federativa e
que o partido Baath, uma das bases de sustentação do regime deposto, será banido. Um novo encontro acontecerá em dez dias.
O general da reserva americano
Jay Garner, indicado pelos EUA
para administrar o Iraque nas primeiras semanas após a queda de
Saddam, abriu a conferência:
"Que melhor aniversário pode ter
um homem quando ele é comemorado não apenas no local onde
a civilização começou, mas também no momento em que o Iraque livre e democrático começa a
tomar forma?", disse Garner, que
fez 65 anos ontem.
Os líderes religiosos e políticos
se reuniram numa tenda ao lado
de um dos monumentos mais famosos do Iraque, o zigurate de
Ur, construído em 2100 a.C.
Ur (sul do país) foi uma das cidades mais importantes da Mesopotâmia e local de nascimento do
profeta Abraão, segundo a tradição. No local, há uma base aérea
tomada pelos EUA.
Garner, que chefia o Escritório
para a Reconstrução e a Ajuda
Humanitária (Erah), levava no
peito um broche com as bandeiras dos EUA e do Iraque.
"Queremos que vocês estabeleçam seu próprio sistema democrático baseado nas tradições e
nos valores iraquianos", disse Zalmay Khalilzad, enviado especial
do presidente George W. Bush.
A reunião foi boicotada pelo
principal grupo de oposição xiita,
o Conselho Supremo para a Revolução Islâmica no Iraque, baseado
em Teerã (Irã). "Não podemos
participar de um processo conduzido por um general americano",
disse um porta-voz do grupo.
Também Ahmad Chalabi, líder
do Congresso Nacional Iraquiano
(movimento de oposição que
atuava no exílio), não compareceu, mas mandou representante.
Chalabi foi trazido para o Iraque
há cerca de dez dias pelos próprios americanos.
Cerca de 80 líderes -muçulmanos xiitas e sunitas moderados
e radicais, curdos e monarquistas,
entre outros- participaram,
muitos com o apoio político e financeiro dos EUA. O Iraque é um
país dividido do ponto de vista étnico e religioso e viveu 24 anos
sob a brutal ditadura de Saddam.
A declaração de 13 pontos também rejeitou a violência política e
determinou que os próprios iraquianos deverão escolher seus líderes. O documento também estabeleceu que o papel da religião
deverá ser discutido.
Os EUA planejam reconstruir o
Estado iraquiano em fases. Dentro de aproximadamente duas semanas, Garner pretende instalar
uma administração formada por
americanos e, possivelmente, britânicos, auxiliada por iraquianos.
Nas semanas seguintes, os EUA
realizarão uma série de reuniões
semelhantes à de ontem em diferentes regiões. Dentro de alguns
meses, uma conferência em Bagdá escolherá uma administração
formada por iraquianos, que assumirá, progressivamente, as funções de governo. Em seguida, haveria uma Assembléia Constituinte e eleições para a escolha de
um governo soberano. Segundo o
premiê britânico, Tony Blair, as
eleições deverão ocorrer cerca de
um ano após a instalação da administração iraquiana.
Com agências internacionais
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