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São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2003

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OPINIÃO

Leia a carta em que Saramago rompe com Cuba

DA REDAÇÃO

Leia a seguir, traduzida do espanhol, a carta do escritor português José Saramago publicada no jornal "El País", na qual ele anuncia seu rompimento com o regime do ditador cubano, Fidel Castro, devido à onda de repressão a dissidentes e à execução de três sequestradores de um barco que queriam fugir para os EUA.
 
"Até aqui cheguei. De agora em diante, Cuba seguirá seu caminho, e eu fico onde estou. Discordar é um direito que se encontra e se encontrará inscrito com tinta invisível em todas as declarações de direitos humanos passadas, presentes e futuras. Discordar é um ato irrenunciável de consciência. Pode ser que discordar leve à traição, mas isso sempre tem de ser mostrado com provas irrefutáveis. Não creio que se tenha atuado sem deixar lugar a dúvidas no julgamento recente de onde saíram condenados a penas desproporcionais os cubanos dissidentes. E não se entende por que, se houve conspiração, não tenha sido expulso já o encarregado do escritório de interesses dos EUA em Havana, a outra parte da conspiração.
Agora chegam os fuzilamentos. Sequestrar um barco ou um avião é um crime severamente punível em qualquer país do mundo, mas não se condenam à morte os sequestradores, sobretudo ao ter em conta que não houve vítimas. Cuba não ganhou nenhuma heróica batalha fuzilando esses três homens, mas sim perdeu minha confiança, fraudou minhas esperanças, destruiu minhas ilusões. Até aqui cheguei."


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