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OPINIÃO
Leia a carta em que Saramago rompe com Cuba
DA REDAÇÃO
Leia a seguir, traduzida do
espanhol, a carta do escritor
português José Saramago publicada no jornal "El País", na
qual ele anuncia seu rompimento com o regime do ditador cubano, Fidel Castro, devido à onda de repressão a dissidentes e à execução de três sequestradores de um barco que
queriam fugir para os EUA.
"Até aqui cheguei. De agora
em diante, Cuba seguirá seu caminho, e eu fico onde estou.
Discordar é um direito que se
encontra e se encontrará inscrito com tinta invisível em todas
as declarações de direitos humanos passadas, presentes e
futuras. Discordar é um ato irrenunciável de consciência. Pode ser que discordar leve à traição, mas isso sempre tem de ser
mostrado com provas irrefutáveis. Não creio que se tenha
atuado sem deixar lugar a dúvidas no julgamento recente de
onde saíram condenados a penas desproporcionais os cubanos dissidentes. E não se entende por que, se houve conspiração, não tenha sido expulso já o
encarregado do escritório de
interesses dos EUA em Havana, a outra parte da conspiração.
Agora chegam os fuzilamentos. Sequestrar um barco ou
um avião é um crime severamente punível em qualquer
país do mundo, mas não se
condenam à morte os sequestradores, sobretudo ao ter em
conta que não houve vítimas.
Cuba não ganhou nenhuma
heróica batalha fuzilando esses
três homens, mas sim perdeu
minha confiança, fraudou minhas esperanças, destruiu minhas ilusões. Até aqui cheguei."
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