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GUERRA SEM LIMITES
Fita atribuída a líder terrorista diz que atentados em Madri foram represália a apoio espanhol aos EUA
Europa rejeita suposta trégua de Bin Laden
DA REDAÇÃO
Mensagem supostamente de
Osama bin Laden, gravada em fita
de áudio e divulgada ontem, propõe uma trégua com os europeus
se eles retirarem suas tropas de
países muçulmanos. A proposta,
interpretada como uma manobra
para dividir as nações ocidentais,
foi imediatamente rejeitada pelos
principais líderes do continente.
"Ofereço uma trégua a eles [europeus], com o compromisso de
interromper as operações contra
qualquer Estado que prometer
parar de atacar muçulmanos ou
interferir em seus assuntos", disse
a voz na gravação -transmitida
pelas redes de TV árabes Al Jazira
e Al Arabiya.
A mensagem dá um prazo de
três meses para a retirada das tropas e diz que as explosões nos
trens de Madri em 11 de março foram uma retaliação pelas posições
da Espanha em relação ao Iraque,
ao Afeganistão e aos palestinos. O
secretário de Estado dos EUA,
Colin Powell, confirmou que a
CIA acredita na autenticidade da
fita. "A informação que tenho é
que se trata da voz de Osama bin
Laden", disse ele.
O suposto comunicado do líder
saudita da rede terrorista responsável pelo 11 de Setembro diz que
o Iraque foi invadido em razão de
interesses comerciais e faz uma
menção específica à Halliburton,
principal empresa envolvida na
reconstrução e com ligações com
membros do governo Bush, como
o vice-presidente Dick Cheney.
"Eles dizem que matamos por
matar, mas a realidade mostra
que eles mentem." De acordo
com o raciocínio na gravação, os
russos só foram mortos após terem invadido o Afeganistão nos
anos 1980, os europeus, apenas
depois da invasão do Iraque, e os
americanos atacados em Nova
York e Washington após darem
"apoio aos judeus na Palestina".
A fita é razoavelmente recente,
já que a mensagem faz referência
ao assassinato, em 22 de março,
do xeque Ahmed Yassin, líder do
grupo terrorista palestino Hamas.
Acredita-se que Bin Laden esteja escondido na região montanhosa e de difícil acesso da fronteira entre Paquistão e Afeganistão. Nos últimos meses, tropas
paquistanesas e americanas fizeram várias operações para prender Bin Laden. Os EUA oferecem
US$ 50 milhões a quem der informações que levem à sua captura.
Miguel Angel Moratinos, que
será ministro das Relações Exteriores no gabinete do socialista José Luis Rodríguez Zapatero, disse
que não se deve prestar atenção
ao líder da Al Qaeda. "Bin Laden é
o inimigo de todos que procuram
paz, democracia e liberdade."
Zapatero prometeu durante a
campanha eleitoral, e reafirmou
repetidas vezes após os atentados,
que retirará os 1.300 soldados espanhóis do Iraque a menos que a
ONU assuma o controle das operações militares.
O presidente da França, Jacques
Chirac, disse que não pode "haver
barganha com terroristas". "É impensável que possamos abrir uma
negociação com Bin Laden", afirmou em Roma o chanceler italiano, Franco Frattini. O Reino Unido declarou que a resposta adequada era "continuar a luta contra o terrorismo". A Alemanha
disse que não negociaria com
"criminosos" como Bin Laden.
Para Roger Cressey, um ex-assessor da Casa Branca para contraterrorismo, a fita dá a entender
que a Al Qaeda está planejando
novos ataques. "Acho que as polícias do exterior e daqui deveriam
assumir que pode haver operações nos estágios finais de planejamento e que eles apenas esperarão os 90 dias para atacar."
"A tática da Al Qaeda é "dividir
para conquistar". Ela quer destruir a coalizão ocidental contra o
terror por dentro, jogando os aliados contra si. Já funcionou na Espanha", disse uma fonte do serviço de inteligência israelense.
Com agências internacionais
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