São Paulo, sábado, 16 de abril de 2011

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Com receio de caos eleitoral, Nigéria vota hoje para presidente

Eleições legislativas, na semana passada, transcorreram bem

DO "GUARDIAN"

Há uma multidão zangada em torno dos mesários. Diversas páginas do registro de eleitores estão faltando, e cerca de 700 pessoas ficarão impedidas de votar. O jovem que trouxe a urna na garupa de sua moto está apavorado.
Surgem soldados. Um sargento para a multidão, apontando a arma. As pessoas fogem aterrorizadas.
Naquela manhã, o major-general Muhammad Abubakar, do Exército, havia alertado que tinha instruções para disparar contra quem tentasse perturbar a eleição.
Bem-vindo à democracia da Nigéria, o mais populoso país africano (150 milhões de habitantes), cuja economia cresce 6% ou 7% ao ano.
Na última passada, quando essas cenas ocorreram, houve eleição legislativa. Na semana que vem, serão eleitos governadores. Neste final de semana, o presidente.
Goodluck Jonathan, vice que assumiu quando o presidente Umaru Yar'Adua morreu, em 2010, é o favorito. O ex-professor de zoologia deverá ser o terceiro eleito nos 16 anos desde que os militares sairam do poder.
Foi uma jornada complicada. O pleito de 2007, por exemplo, foi uma farsa clara e violenta. Depois dos protestos quanto a ele, os responsáveis pela eleição foram demitidos. A eleição atual é chefiada por um respeitado acadêmico, Attahiru Jega, 54, cientista político nigeriano que fez doutorado nos EUA.
A medir pelas eleições legislativas da semana passada, Jega conseguiu melhorar o processo eleitoral do país.
Embora tenha sido reportado o roubo de 117 urnas, ao que parece as pessoas votaram livremente, ainda que cercadas pelo caos.
O processo foi notavelmente transparente, ao menos nas seções eleitorais.
Quando as urnas se fechavam, as cédulas eram exibidas ao público. A contagem era feita em voz alta. "Um, dois, três": a multidão acompanhava em coro. O resultado final foi fotografado por muitos celulares. Segundo observadores europeus, a votação legislativa transcorreu relativamente bem.
O desafio é manter isso na presidencial, neste fim-de-semana. Há risco de confronto: existe um acordo de que a presidência deve se alternar entre o norte, mais muçulmano, e o sul, mais cristão.
O presidente Olusegun Obasanjo, cristão do sul, exerceu dois mandato. Seu sucessor, Yar'Adua, muçulmano do norte, morreu antes de completar o primeiro, porém. Nortistas acreditavam ter o direito à presidência.
O então vice Jonathan, cristão do sul, não cedeu. Se ganhar, portanto, deve ser por uma margem apertada.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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