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Com receio de caos eleitoral, Nigéria vota hoje para presidente
Eleições legislativas, na semana passada, transcorreram bem
DO "GUARDIAN"
Há uma multidão zangada
em torno dos mesários. Diversas páginas do registro de
eleitores estão faltando, e
cerca de 700 pessoas ficarão
impedidas de votar. O jovem
que trouxe a urna na garupa
de sua moto está apavorado.
Surgem soldados. Um sargento para a multidão, apontando a arma. As pessoas fogem aterrorizadas.
Naquela manhã, o major-general Muhammad Abubakar, do Exército, havia alertado que tinha instruções para
disparar contra quem tentasse perturbar a eleição.
Bem-vindo à democracia
da Nigéria, o mais populoso
país africano (150 milhões de
habitantes), cuja economia
cresce 6% ou 7% ao ano.
Na última passada, quando essas cenas ocorreram,
houve eleição legislativa. Na
semana que vem, serão eleitos governadores. Neste final
de semana, o presidente.
Goodluck Jonathan, vice
que assumiu quando o presidente Umaru Yar'Adua morreu, em 2010, é o favorito. O
ex-professor de zoologia deverá ser o terceiro eleito nos
16 anos desde que os militares sairam do poder.
Foi uma jornada complicada. O pleito de 2007, por
exemplo, foi uma farsa clara
e violenta. Depois dos protestos quanto a ele, os responsáveis pela eleição foram demitidos. A eleição atual é chefiada por um respeitado acadêmico, Attahiru Jega, 54,
cientista político nigeriano
que fez doutorado nos EUA.
A medir pelas eleições legislativas da semana passada, Jega conseguiu melhorar
o processo eleitoral do país.
Embora tenha sido reportado o roubo de 117 urnas, ao
que parece as pessoas votaram livremente, ainda que
cercadas pelo caos.
O processo foi notavelmente transparente, ao menos nas seções eleitorais.
Quando as urnas se fechavam, as cédulas eram exibidas ao público. A contagem
era feita em voz alta. "Um,
dois, três": a multidão acompanhava em coro. O resultado final foi fotografado por
muitos celulares. Segundo
observadores europeus, a votação legislativa transcorreu
relativamente bem.
O desafio é manter isso na
presidencial, neste fim-de-semana. Há risco de confronto: existe um acordo de que a
presidência deve se alternar
entre o norte, mais muçulmano, e o sul, mais cristão.
O presidente Olusegun
Obasanjo, cristão do sul,
exerceu dois mandato. Seu
sucessor, Yar'Adua, muçulmano do norte, morreu antes
de completar o primeiro, porém. Nortistas acreditavam
ter o direito à presidência.
O então vice Jonathan,
cristão do sul, não cedeu. Se
ganhar, portanto, deve ser
por uma margem apertada.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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