São Paulo, quarta-feira, 16 de maio de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LEGISLAÇÃO

UE amplia advertência ao fumante no maço e autoriza países a exigir, na embalagem, foto com danos à saúde

Europa impõe mais restrições ao cigarro

DA REDAÇÃO

A indústria tabagista na União Européia poderá se ver obrigada a abandonar o uso de imagens atraentes nas embalagens de cigarro. O Parlamento Europeu aprovou ontem a adoção de medidas restritivas aos fabricantes de cigarro, que incluem a obrigatoriedade da diminuição do teor máximo de alcatrão e a utilização de fotografias no maço mostrando os efeitos nocivos do fumo.
De acordo com o regulamento aprovado em Estrasburgo, na França, e que deve começar a vigorar a partir de setembro de 2002, os fabricantes deverão aumentar, nos maços de cigarro vendidos dentro da UE, a advertência aos fumantes sobre os problemas que o tabaco causa à saúde.
A advertência deverá cobrir pelo menos 30% da frente e 40% da parte posterior do maço, que deverá conter um aviso em preto e branco com os dizeres: "Cigarro mata". Hoje, o alerta sobre os danos provocados pelo cigarro limita-se a 4% da embalagem.
Pela nova legislação, o nível de alcatrão de cada cigarro terá de ser reduzido de 12 para 10 miligramas. Quando as novas regras passarem a valer, estará proibida a utilização de termos como "suave" ou "baixo teor de alcatrão", que sugerem que uma marca possa ser menos prejudicial à saúde do que outra.
Também não será permitido o uso de termos que possam induzir os consumidores a acreditar que fumar seja seguro.
Outra novidade é que os governos de cada um dos 25 Estados que compõe a UE poderão exigir dos fabricantes a inclusão de fotografias chocantes no próprio pacote, como dentes manchados ou pulmões pretos.
Acredita-se que, dessa forma, cada vez que os fumantes decidirem pegar um cigarro, serão lembrados dos efeitos do produto.
"Todo mundo sabe que fumar é perigoso, mas quase ninguém consegue relacionar 20 das várias doenças fatais associadas ao fumo", afirmou Clive Bates, diretor de uma associação antitabagista no Reino Unido. Agora, diz ele, os fumantes terão "forçosamente" uma informação melhor.
Para a parlamentar britânica na assembléia européia Catherine Stihler, a legislação transformará a forma com que os cigarros são vendidos e a "percepção do público com relação ao vício".
"Os dias de pacotes atraentes com advertências confusas estão com os dias contados", disse. Com a nova legislação, a indústria do tabaco irá sofrer um "baque".
A indústria tabagista reagiu com desânimo. Segundo John Carlisle, da Associação de Tabacos do Reino Unido, a proibição de cigarros com mais de dez miligramas de alcatrão terá um efeito "devastador" sobre as exportações européias para Ásia, Austrália e África, onde os fumantes preferem tabaco mais forte. Para Carlisle, cerca de 8.000 empregos na UE estão ameaçados.
A proposta de utilizar fotografias mostrando pulmões e dentes amarelos é classificada por Carlisle como uma "tática de mau gosto e desprovidas de valor".


Com agências internacionais


Texto Anterior: Filipinas: Presidente pede união após pleito conturbado
Próximo Texto: Ásia: Princesa japonesa está grávida
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.