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EUROPA
Oposição de direita derrota coalizão no poder; partido do líder extremista assassinado pode fazer parte do governo
Extrema direita se torna 2ª força na Holanda
ROBERT WIELAARD
DA ASSOCIATED PRESS, EM AMSTERDÃ
Os partidos de oposição holandeses, incluindo a formação de
extrema direita de Pim Fortuyn, o
líder populista assassinado na semana passada, foram os grandes
vencedores da eleição de ontem,
de acordo com as primeiras pesquisas de boca-de-urna.
Os democrata-cristãos, que fizeram parte de todos os governos
holandeses do pós-guerra até
1994, conquistaram 40 das 150 cadeiras do Parlamento, segundo as
primeiras pesquisas. Já a Lista
Pim Fortuyn, que engloba formações de extrema direita regionais,
obteve 26 cadeiras, de acordo com
as mesmas fontes.
Segundo os resultados da boca-de-urna, os trabalhistas (que
apóiam o premiê Wim Kok) e os
liberais, que também fazem parte
da atual coalizão governamental,
conquistaram 24 cadeiras cada.
Se confirmados, esses resultados representarão uma clara derrota para Kok. Seu governo obteve bons resultados no âmbito econômico, mas, aparentemente, foi
punido pelos eleitores por ignorar
as preocupações dos holandeses
com as drogas, com a imigração e
com a insegurança.
Fortuyn, 54, colocou esses temas na pauta da campanha eleitoral, aproveitando-se do descontentamento dos eleitores com a
"uniformização" dos partidos tradicionais e com as políticas eminentemente tolerantes dos sucessivos governos do país.
Ele foi assassinado a tiros, em 6
de maio, depois de conceder uma
entrevista a uma rádio. Sua morte
chocou o país, que tem 16 milhões
de habitantes. Até então, os holandeses se orgulhavam da estabilidade e do caráter consensual da
cena política nacional.
Os resultados projetados caracterizam uma surpreendente vitória dos democrata-cristãos, pois,
segundo pesquisas de intenção de
voto publicadas antes do pleito,
eles deveriam obter apenas uma
pequena vantagem sobre cada
um dos partidos da atual coalizão
governamental. Com isso, Jan Peter Balkenende, 46, um professor
de filosofia cristão, deverá ser o
novo premiê holandês.
"As pessoas querem outro tipo
de política", declarou Balkenende
ao tomar conhecimento da boca-de-urna, em Haia. Ele disse ainda
que estava pronto para começar a
negociar a formação de um novo
governo com outros partidos.
"Não fugirei de minhas responsabilidades. Apresentaremos nossas
idéias e veremos com quem conseguiremos negociar."
O assassinato de Fortuyn deixou o movimento que leva seu
nome sem líder, provocando dúvidas sobre seu futuro político. A
provável votação obtida pela Lista
Pim Fortuyn ontem é ainda mais
notável porque ela só passou a
existir há três meses.
"É uma honra", declarou o porta-voz da Lista Pim Fortuyn, Mat
Herben, pouco depois do anúncio dos resultados das pesquisas de
boca-de-urna.
"Tudo vai muito bem", acrescentou o número dois da lista,
João Varela, um negro originário de Cabo Verde. Ele deu a entender que seu partido poderia exigir as pastas da Saúde, da Integração e do Interior para participar do governo.
Com os resultados projetados de ontem, os democrata-cristãos,
a extrema direita e os liberais poderiam formar uma aliança que
lhes daria uma confortável maioria no Parlamento, constituindo,
assim, um governo de direita. Porém um acordo quanto ao programa do novo governo não será fácil de ser alcançado pelos líderes dessas formações.
O líder dos trabalhistas, Ad Melkert, renunciou após a divulgação
da boca-de-urna.
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