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Base americana ameaça governo do Japão
Não cumprimento de promessa de transferir instalação, aliado a indecisão política, pode derrubar premiê
DO "FINANCIAL TIMES", EM TÓQUIO
Após oito meses liderando a
mais importante transformação política do Japão em décadas, o premiê Yukio Hatoyama
tem se esforçado para agradar a
todos. Mas sua recompensa é
um índice de mais de 60% de
desaprovação a seu gabinete.
Uma incapacidade de tomar
decisões difíceis, escândalos de
financiamento e um desastre
político ligado a um plano polêmico de transferência de uma
base naval americana estão levando muitos analistas políticos a retratar Hatoyama como
um governante sem condições
de tomar medidas decisivas.
E isso menos de um ano depois de ele ter conduzido o Partido Democrático (PDJ) para
uma histórica e arrasadora vitória eleitoral sobre o Partido
Liberal Democrático (PLD).
Desde então, o partido governista tem tentado mudar o modo de funcionamento do governo, revitalizar a economia estagnada do país e recalibrar as
relações com vizinhos asiáticos
e os EUA, esforços que agora
correm o risco de fracassar.
Embora aplaudam as boas
intenções de Hatoyama, analistas criticam fortemente sua liderança, em um momento em
que o Japão necessita tomar
decisões difíceis sobre o lugar
que ocupa no mundo e sobre a
sua capacidade de suportar
uma dívida pública crescente.
A indecisão de Hatoyama em
relação ao que fazer com a base
naval americana de Futenma
vem sendo especialmente prejudicial. Primeiro, desagradou
a Washington ao insistir em rever um acordo para a transferência da base para outro local
da ilha meridional de Okinawa.
Depois, após meses de tentativas, enfureceu muitas pessoas
em Okinawa ao dizer que elas
terão que continuar a abrigar a
maioria das funções da base.
Nesta semana Hatoyama finalmente foi forçado a reconhecer que é improvável que
cumpra o prazo que ele se impôs para resolver o problema
de Futenma, este mês.
Ontem, o jornal japonês Sankei Shimbum disse que o governo decidiu adiar para novembro a decisão final sobre o fechamento da base. Só que a gestão de Hatoyama pode não chegar até lá.
Analistas avaliam que é improvável que o governo resista
à importante eleição de novos
membros da Câmara Alta japonesa, marcada para julho.
Algumas vitórias
Apesar disso tudo, o premiê
tem tido algumas vitórias. Logo, o auxílio-criança estará ajudando pais, incentivando consumo e talvez até mesmo o índice de natalidade, num nível
perigosamente baixo no país.
Ministros chegaram a quebrar o monopólio da grande mídia sobre o acesso ao governo,
abrindo coletivas de imprensa.
Mas iniciativas como essas
vêm sendo lançadas na sombra
por resquícios da política à moda antiga, sob a forma dos escândalos de financiamento sofridos por Hatoyama e por Ichiro Ozawa, secretário do PDJ.
Tradução de CLARA ALLAIN
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