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REGIME AMEAÇADO
Líderes religiosos querem "governo de salvação nacional"; presidente fala em reconciliação com o mundo
Igreja Ortodoxa pede renúncia de Milosevic
das agências internacionais
O sínodo da
Igreja Ortodoxa
sérvia se uniu
ontem ao grupo
de descontentes
com o regime do
ditador Slobodan Milosevic e
pediu a renúncia do presidente iugoslavo.
"Pedimos que o presidente e seu
governo renunciem em nome do
interesse e da salvação do povo,
para que novas autoridades aceitáveis domesticamente e no exterior
possam assumir a responsabilidade pelo povo e seu futuro, como
um governo de salvação nacional",
disse comunicado da assembléia
de bispos, responsável pela tomada de decisões na igreja.
A Igreja Ortodoxa sérvia é uma
das instituições mais influentes do
país. Cerca de 70% da população
da atual Iugoslávia (formada por
duas Repúblicas, Sérvia e Montenegro) é adepta da religião.
Aparentemente pressionado pela oposição interna ao seu governo, Milosevic mostrou ontem sinais de moderação em sua segunda aparição pública em dois dias.
Pela primeira vez em anos, ele falou de reconciliação entre a Sérvia
e o resto do mundo.
"Espero que nosso país nunca
mais passe por outra guerra, que
nosso país possa se desenvolver,
feliz e livre... porque paz, liberdade
e democracia não podem ser separadas", afirmou ele.
Milosevic discursou a moradores
de Aleksinac, cidade da região central da Sérvia que foi devastada por
bombas da Otan (aliança militar
ocidental) que erraram o alvo.
Anteontem, em Novi Sad, Milosevic afirmou que o governo está se
empenhando na reconstrução do
país.
"Ao reconstruir nosso país nós
renovaremos os laços com todo o
mundo", disse o presidente, segundo a agência de notícias oficial
"Tanjug".
O pedido pela renúncia recebeu
o apoio de Zoran Djindjic, líder do
Partido Democrático, o maior da
oposição sérvia.
Segundo ele, a reação da igreja
prova que "está claro para todos
que não há futuro com Milosevic".
Djindjic fugiu para Montenegro
depois de ser chamado de traidor
pela mídia sérvia. Ele afirmou que
a adesão da igreja ao pedido da
oposição é importante, porque
serviria como fator de união e evitaria uma guerra civil no país.
O líder oposicionista moderado
Vuk Draskovic afirmou que Milosevic deve se limitar a exercer o papel cerimonial previsto para o presidente pela Constituição do país.
"O presidente tem função nominal, com menos poderes que a rainha da Inglaterra", disse Draskovic, demitido do posto de vice-premiê depois de declarar aceitar a entrada de uma força da Otan, o que
depois acabou sendo aceito também por Milosevic.
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