São Paulo, quarta, 16 de julho de 1997.



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MENEM JR.
Juiz retira expressão "acidente aéreo" de documento sobre a morte do filho do presidente da Argentina
Investigação da morte tem novo rumo

FERNANDO GODINHO
de Buenos Aires

A morte de Carlos Menem Júnior, filho do presidente argentino Carlos Menem, pode ter sido provocada por um ato criminoso.
"Carlitos" -como ele era conhecido- morreu em 15 de março de 1995 quando o helicóptero que pilotava caiu após se chocar com fios de alta tensão, próximo à cidade de Ramallo. O piloto Sílvio Oltra também morreu.
A hipótese de crime foi admitida ontem pelo juiz Carlos Villafuerte Ruzo, responsável pelas investigações da morte de "Carlitos". Por uma solicitação dos investigadores, Villafuerte retirou a expressão "acidente aéreo" do título do expediente que reúne as investigações já realizadas.
Agora, o novo título informa que estão sendo investigadas as "causas da morte" de Menem Júnior e Sílvio Oltra.
Tanto os investigadores como os advogados de Zulema Yoma (mãe de "Carlitos" e ex-mulher do presidente Menem) defendem a tese do duplo homicídio provocado por um atentado a balas.
"A atitude do juiz Villafuerte poderá facilitar novos depoimentos que reforcem a tese do atentado", disse à Folha um dos advogados de Zulema Yoma, Ignacio Irurzum.
Perícias
Na próxima semana, a Gendarmeria Nacional (uma espécie de polícia federal da Argentina) entregará ao juiz Carlos Villafuerte Ruzo o resultado final da perícia realizada nos restos do helicóptero pilotado por "Carlitos".
Um resultado parcial da perícia, divulgado no início deste mês, demonstrou que em alguns orifícios encontrados nos restos da aeronave existiam vestígios de chumbo e de antimônio, duas substâncias utilizadas na fabricação de projéteis para armas de fogo.
A existência desses materiais já foi confirmada pelo Centro de Investigações Técnicas das Forças Armadas. "Após o resultado final da perícia, vamos pedir que o expediente do juiz Villafuerte seja titulado como duplo homicídio", adiantou o advogado Irurzum.
Ameaças
Ontem, Zulema Yoma denunciou ter recebido uma advertência sobre um possível atentado contra sua filha Zulemita. Ela disse ter sido avisada pelo ex-agente do serviço de inteligência argentino Mario Aguilar Rizzi.
Segundo Zulema Yoma, Rizzi a procurou 20 dias antes da queda do helicóptero de Carlos Menem Júnior para dizer que seu filho sofreria um atentado.
"Não posso seguir vivendo atemorizada. Estou fazendo essa denúncia para que o presidente saiba o que está acontecendo. Isso tem que terminar", disse Zulema Yoma, em entrevista a uma rádio.



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