São Paulo, terça-feira, 16 de julho de 2002

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MAR MEDITERRÂNEO

Aliança militar exorta marroquinos a deixar ilha "ocupada" na semana passada, mas ainda não age

Otan apóia Espanha em rixa com Marrocos

DA REDAÇÃO

A Otan (aliança militar ocidental) deu ontem seu apoio incondicional à Espanha na disputa que envolve a ilha de Perejil (para os marroquinos, Leila), localizada perto da costa de Marrocos, e exortou o governo marroquino a retirar seus militares da ilha.
Um porta-voz da entidade afirmou que a aliança ainda não tinha recebido nenhum pedido formal de ajuda da Espanha até então e que, portanto, nenhuma medida concreta tinha sido tomada.
"Consideramos a ação do governo marroquino pouco amistosa. Ela abala o status quo e é contrária ao tratado de amizade e de cooperação assinado pela Espanha e por Marrocos em 1991", afirmou o porta-voz da Otan.
Marrocos e a Espanha trocam alfinetadas diplomáticas desde a semana passada, quando militares marroquinos desembarcaram na ilha, que, na verdade, é uma rocha de 300 metros de comprimento e se situa perto do estreito de Gibraltar. Rabat diz que a tomada da ilha é um "fato consumado" e que não chamará de volta seus militares por enquanto.
Madri, por outro lado, sustenta que não aceitará a "ocupação" de parte de seu território. O governo espanhol enviou quatro navios de guerra à região para proteger seus encraves de Ceuta, localizado a poucos quilômetros de Perejil (no norte da África), e de Melilla.
"Acreditamos que o status quo deva ser imediatamente restabelecido. Isso interessa a todas as partes envolvidas na questão. A Espanha tem nosso apoio, mas seu governo disse que pretende resolver o problema com Marrocos por meio de esforços diplomáticos", declarou o porta-voz da aliança militar ocidental.
O ministro das Relações Exteriores de Marrocos, Mohamed Benaissa, em seus primeiros comentários oficiais sobre o assunto, disse que seu país "não irá retirar seus militares do posto de observação em Leila por enquanto".
Ele afirmou também que Marrocos tinha enviado alguns militares à ilha para impedir casos de imigração ilegal, de tráfico de drogas e de terrorismo. Segundo ele, essas práticas não são incomuns nos 20 quilômetros do estreito de Gibraltar, que separa a Espanha do norte da África.
A Otan tem forças permanentes no mar Mediterrâneo. O comando dessas forças é rotativo. Atualmente, as forças são comandadas por um navio britânico. Mas a Espanha tem um dos sete navios que compõem a frota da aliança no momento. Entretanto as forças da Otan não foram desviadas para monitorar a disputa entre espanhóis e marroquinos. "Como nossa participação no caso ainda não foi solicitada, ainda não fizemos nada", afirmou o porta-voz.
Os estatutos da Otan prevêem que, se um de seus membros for atacado, a cláusula de defesa mútua poderá ser acionada. Assim, o uso de força é permitido para "restabelecer a segurança e mantê-la", ainda de acordo com os estatutos da entidade.


Com agências internacionais


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