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IRAQUE OCUPADO
Pentágono anuncia permanência de 9.000 homens prestes a retornar e enfrenta crise de moral entre tropas
EUA prolongam estada de seus soldados
RUPERT CORNWELL
DO "INDEPENDENT"
O Pentágono anunciou ontem
que milhares de soldados da infantaria dos EUA ficarão no Iraque por tempo indeterminado
-quebrando a promessa de que
parte das tropas seria dispensada
no fim do mês e agravando a crise
de moral entre os 148 mil americanos atualmente no país.
A nova determinação reflete a
dificuldade dos EUA em persuadir outros países a cooperar com a
força de paz sob seu comando,
depois de uma guerra cuja legitimidade é cada vez mais questionadas.
A notícia surpreendeu os 9.000
homens e mulheres da 3ª Divisão
de Infantaria, que deveriam voltar
para casa em breve -muitos dos
quais estão na região desde setembro. Essa divisão (que sofreu
36 baixas) foi responsável pelo
fulminante ataque a Bagdá.
Os soldados, fartos de servirem
sob o sol e em meio a uma população que quer vê-los pelas costas
o mais rápido possível, tinham recebido a informação de que deixariam o Iraque até agosto.
Mas, ao invés disso, o major-general Buford Blount disse-lhes
ontem que permaneceriam no
país "devido à incerteza da situação no Iraque" e ao aumento dos
ataques contra tropas dos EUA,
que chegaram a 25 por dia e causaram 32 baixas americanas desde o anúncio do fim dos principais combates, em 1º de maio.
Ontem, soldados mataram cinco
iraquianos que tentaram emboscá-los em Habbaniah (oeste).
"Disseram-nos três vezes que
voltaríamos para casa em poucos
meses. Agora não é um bom momento para esse anúncio. Estamos desmotivados", disse o sargento Chris Grisham, membro da
inteligência militar, à Reuters.
"Tem sido difícil. Tive que levar
para casa uma criança de sete
anos cujo pai morreu em um tiroteio. A família só chorava. Tenho
certeza que tentarão se vingar. É
assim que funciona no Iraque."
Na raiz do problema, está o fato
de as tropas dos EUA estarem trabalhando no limite, somado à recusa de diversos países em contribuir militarmente sem um mandado da ONU. O Comando Central Americano (Centcom) emitiu, na noite de ontem, um comunicado dizendo que pretende dispensar a 3ª Divisão de Infantaria
até setembro, contanto que forças
internacionais a substituam.
A Polônia contribuirá com
2.300 soldados para uma brigada
que incluirá unidades da Bulgária,
da Romênia, da Hungria e da Lituânia. A Ucrânia, a Espanha,
Honduras, a República Dominicana, El Salvador e a Nicarágua
contribuirão com a segunda brigada.
Mas vários países não aceitaram
participar. Depois que a Índia negou suas tropas, o presidente da
França, Jacques Chirac -um dos
maiores opositores da guerra-,
declarou que "não imagina" o envio de soldados franceses ao Iraque "no atual contexto". Os fatos
confirmam o alerta do general
Eric Shinseki, ex-comandante do
Exército, ao deixar o cargo no mês
passado. Para ele, "é perigoso executar uma estratégia para 12 divisões com um Exército de dez".
Com agências internacionais
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