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São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 2003

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ÁSIA

Cidade tem vocação econômica e não política, diz enviado de Pequim

China critica a "politização" de Hong Kong

DA REDAÇÃO

O enviado do governo chinês a Hong Kong alertou ontem contra o crescimento do ativismo político no território, onde centenas de milhares protestaram neste mês contra políticas da administração local, subordinada a Pequim.
Segundo Gao Siren, representante de Pequim em Hong Kong, a população deveria se concentrar em manter a estabilidade. "Hong Kong é uma cidade econômica, não uma cidade política", disse.
"Se Hong Kong se politizar excessivamente, será ruim para a estabilidade social", afirmou.
Cerca de 500 mil pessoas saíram às ruas em 1º de julho para protestar contra uma lei anti-subversão proposta pela administração local, com apoio de Pequim. Críticos do projeto dizem que a lei é a maior ameaça aos direitos civis da população de Hong Kong desde a devolução da ex-colônia britânica à China comunista, em 1997.
Diante dos protestos, o governo local adiou a tramitação do projeto de lei, mas novos atos públicos exigiram a renúncia do executivo-chefe (governador) Tung Chee-hwa, indicado por Pequim, e a convocação de eleições livres.
As autoridades em Pequim têm sido cuidadosas em tomar atitudes que pareçam uma intromissão nos assuntos de Hong Kong. Mas temem que os atos, os maiores no país desde as manifestações estudantis de 1989 na Praça da Paz Celestial (Pequim), reprimidas pelo Exército, encorajem protestos em outras regiões.
Hong Kong, um dos principais centros capitalistas da Ásia e do mundo, foi fundada pelos britânicos no século 19 numa ilha cedida pela China em caráter "perpétuo" ao Reino Unido em 1842, durante a Primeira Guerra do Ópio. Em 1898, uma nova área foi "arrendada" por 99 anos.
Nos anos 1980, quando o Reino Unido decidiu devolver todo o território à China, Londres e Pequim negociaram um tratado que deu a Hong Kong o status de "região administrativa especial", com alto nível de autonomia executiva, legislativa e judiciária.
A China -que passa por um processo acelerado de abertura econômica, mas segue fechada no campo político- se comprometeu a manter o capitalismo em Hong Kong por ao menos 50 anos, no que se chamou de "um país, dois sistemas".
Mas, desde o final dos anos 1990, as tensões entre grupos pró-democracia em Hong Kong e setores ligados a Pequim têm sido constantes. De forma geral, Pequim controla o governo local, mas os grupos pró-democracia são fortes no Legislativo local.
Ontem, o jornal "China Daily" (vinculado ao governo central) acusou, em sua edição distribuída em Hong Kong, os grupos pró-democracia de manipularem os protestos para "minar a autoridade do executivo-chefe e do governo". "Eles querem criar um sistema liderado pelo Legislativo pois, dessa maneira, tomarão o poder em Hong Kong", disse o editorial.
"Qualquer sugestão de que a população de Hong Kong tenha sido iludida significa dizer que nossos cidadãos são estúpidos e não têm independência de pensamento e de julgamento", retrucou o diário local "Aplle Daily".


Com agências internacionais


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