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ÁSIA
Cidade tem vocação econômica e não política, diz enviado de Pequim
China critica a "politização" de Hong Kong
DA REDAÇÃO
O enviado do governo chinês a
Hong Kong alertou ontem contra
o crescimento do ativismo político no território, onde centenas de
milhares protestaram neste mês
contra políticas da administração
local, subordinada a Pequim.
Segundo Gao Siren, representante de Pequim em Hong Kong,
a população deveria se concentrar
em manter a estabilidade. "Hong
Kong é uma cidade econômica,
não uma cidade política", disse.
"Se Hong Kong se politizar excessivamente, será ruim para a estabilidade social", afirmou.
Cerca de 500 mil pessoas saíram
às ruas em 1º de julho para protestar contra uma lei anti-subversão
proposta pela administração local, com apoio de Pequim. Críticos do projeto dizem que a lei é a
maior ameaça aos direitos civis da
população de Hong Kong desde a
devolução da ex-colônia britânica
à China comunista, em 1997.
Diante dos protestos, o governo
local adiou a tramitação do projeto de lei, mas novos atos públicos
exigiram a renúncia do executivo-chefe (governador) Tung Chee-hwa, indicado por Pequim, e a
convocação de eleições livres.
As autoridades em Pequim têm
sido cuidadosas em tomar atitudes que pareçam uma intromissão nos assuntos de Hong Kong.
Mas temem que os atos, os maiores no país desde as manifestações
estudantis de 1989 na Praça da
Paz Celestial (Pequim), reprimidas pelo Exército, encorajem protestos em outras regiões.
Hong Kong, um dos principais
centros capitalistas da Ásia e do
mundo, foi fundada pelos britânicos no século 19 numa ilha cedida
pela China em caráter "perpétuo"
ao Reino Unido em 1842, durante
a Primeira Guerra do Ópio. Em
1898, uma nova área foi "arrendada" por 99 anos.
Nos anos 1980, quando o Reino
Unido decidiu devolver todo o
território à China, Londres e Pequim negociaram um tratado que
deu a Hong Kong o status de "região administrativa especial",
com alto nível de autonomia executiva, legislativa e judiciária.
A China -que passa por um
processo acelerado de abertura
econômica, mas segue fechada no
campo político- se comprometeu a manter o capitalismo em
Hong Kong por ao menos 50
anos, no que se chamou de "um
país, dois sistemas".
Mas, desde o final dos anos
1990, as tensões entre grupos pró-democracia em Hong Kong e setores ligados a Pequim têm sido
constantes. De forma geral, Pequim controla o governo local,
mas os grupos pró-democracia
são fortes no Legislativo local.
Ontem, o jornal "China Daily"
(vinculado ao governo central)
acusou, em sua edição distribuída
em Hong Kong, os grupos pró-democracia de manipularem os
protestos para "minar a autoridade do executivo-chefe e do governo". "Eles querem criar um sistema liderado pelo Legislativo pois,
dessa maneira, tomarão o poder
em Hong Kong", disse o editorial.
"Qualquer sugestão de que a
população de Hong Kong tenha
sido iludida significa dizer que
nossos cidadãos são estúpidos e
não têm independência de pensamento e de julgamento", retrucou
o diário local "Aplle Daily".
Com agências internacionais
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