São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2004

Texto Anterior | Índice

VENEZUELA

Intelectuais e políticos do Brasil pedem voto para o presidente no plebiscito

Manifesto de apoio a Chávez inclui Chico

DA REDAÇÃO

Uma comitiva brasileira deve entregar neste fim de semana, em Caracas, um manifesto de apoio ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, que enfrenta em 15 de agosto um plebiscito que pode tirá-lo do poder.
Subscrevem o documento, entre outros, o músico Chico Buarque, o escritor Fernando Morais, o economista Celso Furtado, o arquiteto Oscar Niemeyer, os governadores Roberto Requião (PMDB-PR) e Ronaldo Lessa (PSB-AL), os conselheiros da República Aldo Lins e Silva e Almino Afonso e o escritor Carlos Heitor Cony, colunista da Folha. Ao todo, a lista contém 69 nomes.
O abaixo-assinado, intitulado "Se eu fosse venezuelano, votaria em Hugo Chávez", será entregue por Morais, d. Tomás Balduíno, presidente da Comissão Pastoral da Terra, pelo ator Marcos Winter e pelo pastor Ariovaldo Ramos.
Segundo Morais, a idéia era entregar um documento a Chávez durante o encontro da Unctad, em São Paulo, no mês passado, mas o presidente venezuelano acabou não vindo. "Inicialmente era para ser uma coisa de dez, 20 nomes", disse à Folha.
O escritor afirmou que a iniciativa é apoiada por quatro "não-brasileiros": o lingüista Noam Chomsky, o músico franco-espanhol Mano Chao, o escritor uruguaio Eduardo Galeano e o bispo catalão d. Pedro Casaldáliga, de São Félix do Araguaia (MT). "É um ato apoio a ele, ao nome dele.
Leia a seguir a íntegra da carta.
 
Os brasileiros que assinam este manifesto querem expressar sua solidariedade à luta que vêm livrando o presidente Hugo Chávez e o povo venezuelano pelo direito de decidir seu destino. Ao mesmo tempo, denunciam a manipulação dos fatos orquestrada por grandes monopólios de comunicação para pintar como tirano um governante que cumpre à risca a lei e a Constituição.
Hugo Chávez foi o vencedor de eleições democráticas, em dezembro de 1998. Cumprindo o que prometera em campanha, desde então vem realizando profundas transformações no sistema político, econômico e social de um país há séculos dominado por oligarquias.
Levar a cabo essas mudanças transformou o presidente Chávez em alvo de uma guerra sem tréguas, movida por minorias políticas e econômicas da Venezuela, com o apoio declarado de grandes corporações empresariais e financeiras do exterior.
Somos testemunhas de seu compromisso com a defesa dos interesses populares e a determinação de aplicar a Constituição de 1999, construída pelo mais amplo processo democrático.
A nova Carta venezuelana prevê o dispositivo constitucional do referendo revogatório, marcado para o próximo dia 15 de agosto, instrumento inédito em nosso continente, ao qual poucos governantes teriam a coragem de se submeter, como fez o presidente Hugo Chávez.
A democracia foi reforçada, e agora os mesmos setores que já recorreram ao golpe, à sabotagem, ao locaute e à mentira para tentar derrotar o presidente Chávez vêem-se obrigados a aceitar os marcos da luta institucional.
Estamos certos de que, no próximo dia 15 de agosto, o povo venezuelano será vitorioso e construirá uma pátria livre e justa, a pátria com que sonhou Simón Bolívar.
Por tudo isso, estamos aqui para reafirmar: no dia 15 de agosto, se fôssemos venezuelanos votaríamos em Hugo Chávez.
(FABIANO MAISONNAVE)


Texto Anterior: Chile: Banco ajudou Pinochet a esconder milhões
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.