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ÁSIA
Reunião é novo passo na aproximação entre Norte e Sul
Famílias coreanas se reencontram após meio século de separação
RICHARD LLOYD PARRY
DO "THE INDEPENDENT", EM SEUL
No mais recente sinal da melhora dramática nas relações entre as
Coréias do Norte e do Sul, 200
idosos puderam reencontrar seus
familiares, ontem, após 50 anos
de separação.
Pais, filhos, maridos e mulheres
se abraçaram, choraram e desmaiaram em dois hotéis em Seul e
Pyongyang, no maior reencontro
já promovido entre cidadãos das
Coréias do Sul, capitalista, e do
Norte, comunista. Pelo menos
uma mulher -Chung Sun-hwa,
95- passou mal e precisou ser
socorrida por paramédicos depois de rever seu filho pela primeira vez desde o início da Guerra da Coréia, em 1950.
"Papai, seus netos na Coréia do
Norte também querem conhece-lo", disse Lim Jae-hyok, 66, prostrando-se diante de seu pai, de 91
anos. "Meu pai, estou vendo seu
rosto pela primeira vez em 50
anos. Meu coração está explodindo. Esta talvez seja a última vez
em que lhe faço uma reverência."
"A viagem para cá leva menos
de uma hora, mas não pudemos
vir por 50 anos", disse Lee Rai-song, 68, que desapareceu da Coréia do Sul quando foi fazer uma
visita à irmã.
As cenas carregadas de emoção
começaram quando um avião comercial de fabricação russa tornou-se a primeira aeronave comercial norte-coreana na história
a aterrissar na Coréia do Sul.
Os reencontros foram transmitidos ao vivo pela TV sul-coreana
e, também, relatados desde
Pyongyang por jornalistas que
viajaram à capital da Coréia do
Norte, acompanhando a delegação que saiu do Sul para lá.
A troca de visitas se deu no 55º
aniversário do fim da 2ª Guerra
Mundial, quando a Coréia foi libertada de 35 anos de colonização
japonesa. A Guerra da Coréia, de
1950 a 1953, terminou de maneira
inconclusiva, sem um tratado formal de paz. Finalmente, em junho
deste ano, o presidente sul-coreano, Kim Dae-jung, viajou a
Pyongyang para se reunir com o
líder da Coréia do Norte, Kim
Jong-il, na primeira cúpula da história entre os líderes dos dois governos.
Os dois assinaram um comunicado prometendo avançar em direção à reunificação coreana, e os
reencontros entre familiares promovidos esta semana constituem
os resultados mais concretos -e
de maior peso psicológico- da
cúpula vistos até agora.
Em discurso transmitido a todo
o país pela televisão, o presidente
Kim disse ontem: "Durante metade de um século voltamos nossas
armas contra nossos irmãos e irmãs do outro lado da Linha do
Armistício. Dentro em breve, porém, quando colaborarmos com
o Norte, nossa esfera de atividades será ampliada para toda a península coreana".
Anteontem o governo da Coréia
do Sul anunciou a anistia de 3.586
presos, entre eles dois dos derradeiros espiões comunistas presos.
Em setembro, cerca de 60 ex-prisioneiros serão finalmente autorizados a retornar à Coréia do Norte.
Tradução de Clara Allain
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