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São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2003

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APAGÃO AMERICANO

Segundo analistas, prejuízo maior recai sobre setor de serviços

Perda com blecaute chega a US$ 30 bi, mas pode ser coberta

LUCIANA COELHO
DA REDAÇÃO

As experiências com o bug do milênio e o 11 de Setembro evitaram que os bancos americanos registrassem perdas substantivas com o apagão que surpreendeu os EUA anteontem e que, ontem, continuava a afetar algumas áreas. Já a indústria automotiva, concentrada em Detroit, também afetada, não se saiu tão bem.
A Merrill Lynch estimou em até US$ 30 bilhões a perda diária com o blecaute -um impacto modesto sobre o PIB americano, de US$ 10,4 trilhões ao ano. Mas analistas afirmam que a maior parte desse prejuízo pode ser coberta, pois a produção perdida em fábricas paradas pode ser recuperadas com horas extras de trabalho.
Um saldo preciso não deve ser visto tão cedo. Há custos secundários resultantes de atrasos em vôos, congestionamento nas linhas telefônicas e funcionários impedidos de chegar ao trabalho pelo caos nos transportes.
"Você pode não ter tantas perdas com faturamento em si, porque isso você repõe. O pior é o aumento de custos", disse à Folha o analista de eletricidade Sergio Tamashiro, do Unibanco (São Paulo). "Ninguém está preparado para ficar tantas horas sem energia."
O setor que mais sofre é o de serviços. Isso porque nele não há como repor perdas. Lojas fecharam mais cedo e deixaram de vender. Uma poltrona num teatro que deixou de ser ocupada num dia não será ocupada por duas pessoas no dia seguinte. Um avião que não decolou (mais de 1.100 vôos foram cancelados) obrigará sua operadora a compensar os passageiros -algo especialmente danoso a um setor ainda combalido pelo 11 de Setembro.
E as próprias companhias de energia, cuja receita havia aumentado com o calor, também registram prejuízos com dois dias sem consumo. Além disso, uma vez constatado o motivo pela queda de energia, essa empresa também deve arcar com altos custos.
A causa do apagão ainda não foi determinada. "Mas alguém deixou de fazer seu trabalho, seja por falta de manutenção ou de preparo. Essa companhia vai perder, provavelmente sob a forma de multas", diz Tamashiro.

Carros e combustível
No setor produtivo, o maior impacto possivelmente recaiu sobre as montadoras. As "três grandes" de Detroit -Ford, DaimlerChrysler e General Motors- fecharam suas sedes e mais dezenas de fábricas: 23 da Ford, 17 da GM. Algumas voltaram a funcionar ontem, mas várias seguiriam sem energia no fim de semana.
O blecaute também levou sete refinarias nos EUA e no Canadá a fecharem, uma perda de 750 mil barris de petróleo no momento em que o estoque de combustível nos EUA está no pior nível em oito meses. O preço futuro do galão de gasolina na Bolsa de Mercadorias de Nova York subiu US$ 1.
O mercado financeiro, aliás, funcionou sem maiores problemas -estava prestes a fechar quando o apagão ocorreu, e, ontem, a energia foi restabelecida na região da Bolsa de Valores de Nova York. O centro financeiro em Wall Street também funcionou sem maiores percalços.


Com agências internacionais

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