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APAGÃO AMERICANO
Segundo analistas, prejuízo maior recai sobre setor de serviços
Perda com blecaute chega a US$ 30 bi, mas pode ser coberta
LUCIANA COELHO
DA REDAÇÃO
As experiências com o bug do
milênio e o 11 de Setembro evitaram que os bancos americanos registrassem perdas substantivas
com o apagão que surpreendeu os
EUA anteontem e que, ontem,
continuava a afetar algumas
áreas. Já a indústria automotiva,
concentrada em Detroit, também
afetada, não se saiu tão bem.
A Merrill Lynch estimou em até
US$ 30 bilhões a perda diária com
o blecaute -um impacto modesto sobre o PIB americano, de US$
10,4 trilhões ao ano. Mas analistas
afirmam que a maior parte desse
prejuízo pode ser coberta, pois a
produção perdida em fábricas paradas pode ser recuperadas com
horas extras de trabalho.
Um saldo preciso não deve ser
visto tão cedo. Há custos secundários resultantes de atrasos em
vôos, congestionamento nas linhas telefônicas e funcionários
impedidos de chegar ao trabalho
pelo caos nos transportes.
"Você pode não ter tantas perdas com faturamento em si, porque isso você repõe. O pior é o aumento de custos", disse à Folha o
analista de eletricidade Sergio Tamashiro, do Unibanco (São Paulo). "Ninguém está preparado para ficar tantas horas sem energia."
O setor que mais sofre é o de
serviços. Isso porque nele não há
como repor perdas. Lojas fecharam mais cedo e deixaram de vender. Uma poltrona num teatro
que deixou de ser ocupada num
dia não será ocupada por duas
pessoas no dia seguinte. Um avião
que não decolou (mais de 1.100
vôos foram cancelados) obrigará
sua operadora a compensar os
passageiros -algo especialmente
danoso a um setor ainda combalido pelo 11 de Setembro.
E as próprias companhias de
energia, cuja receita havia aumentado com o calor, também registram prejuízos com dois dias sem
consumo. Além disso, uma vez
constatado o motivo pela queda
de energia, essa empresa também
deve arcar com altos custos.
A causa do apagão ainda não foi
determinada. "Mas alguém deixou de fazer seu trabalho, seja por
falta de manutenção ou de preparo. Essa companhia vai perder,
provavelmente sob a forma de
multas", diz Tamashiro.
Carros e combustível
No setor produtivo, o maior impacto possivelmente recaiu sobre
as montadoras. As "três grandes"
de Detroit -Ford, DaimlerChrysler e General Motors-
fecharam suas sedes e mais dezenas de fábricas: 23 da Ford, 17 da
GM. Algumas voltaram a funcionar ontem, mas várias seguiriam
sem energia no fim de semana.
O blecaute também levou sete
refinarias nos EUA e no Canadá a
fecharem, uma perda de 750 mil
barris de petróleo no momento
em que o estoque de combustível
nos EUA está no pior nível em oito meses. O preço futuro do galão
de gasolina na Bolsa de Mercadorias de Nova York subiu US$ 1.
O mercado financeiro, aliás,
funcionou sem maiores problemas -estava prestes a fechar
quando o apagão ocorreu, e, ontem, a energia foi restabelecida na
região da Bolsa de Valores de Nova York. O centro financeiro em
Wall Street também funcionou
sem maiores percalços.
Com agências internacionais
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