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São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2003

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Apagão atinge mais de 12 milhões de pessoas em Ontário, no Canadá

LUCIANA FINAZZI
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE TORONTO

Mais de 12 milhões de pessoas foram afetadas pelo apagão de anteontem na Província de Ontário, a mais populosa do Canada. Ontem a maior parte das cidades já havia recuperado a energia, mas algumas áreas ainda estavam às escuras. O governo de Ontário disse que a situação deverá voltar ao normal no final de semana.
Duas mortes relacionadas ao apagão foram registradas em Ottawa, a capital do Canadá. Um adolescente morreu em decorrência de um incêndio, e um homem, em um acidente de carro.
Em Toronto, o ambiente foi de muita calma. Não houve nenhum incidente grave. O governador de Ontário, Ernie Eves, declarou estado de emergência na Província. Os serviços considerados não-essenciais permaneceram fechados.
As pessoas decidiram utilizar meios de transporte alternativos em Toronto. Muitos foram trabalhar a pé, de bicicleta ou de patins. A recepcionista Sophia Clark andou por uma hora para chegar ao trabalho. "Quando cheguei lá, descobri que o prédio estava fechado. Agora vou ter de enfrentar 28 lances de escada para voltar ao meu apartamento, pois os elevadores ainda estão desligados."
Os vôos da Air Canada foram cancelados. A previsão era que a companhia voltasse a operar normalmente no final da tarde de ontem. Os aeroportos ficaram repletos de passageiros.
Mesmo com a temperatura alta para os padrões canadenses, 31C em Toronto, o governo pediu que os condicionadores de ar não fossem ligados. Algumas áreas sofreram novos apagões durante o dia.
O premiê Jean Chrétien aconselhou a população a economizar água e combustível no final de semana. Ambos necessitam de eletricidade para serem distribuídos.
Apesar do transtorno que a ausência de energia elétrica causou em Ontário, a população mostrou orgulho da tranquilidade com que lidou com o problema.
"Na hora do apagão, estava no centro de Toronto. Peguei o meu carro para voltar para casa e fiquei impressionada ao perceber a educação dos motoristas no trânsito congestionado e sem semáforos. Todos muito calmos", disse a assistente social Judy Mins.
O apagão começou por volta das 16h (horário local) de anteontem e durou toda a madrugada. Até as 16h de ontem, ainda havia pontos sem luz em Ontário.
Toronto, o centro financeiro, industrial e tecnológico do Canada, parou. Todos tiveram de abandonar seus escritórios. As ruas ficaram lotadas. O calor era forte. O metrô parou. Em uma hora, todos os trens foram esvaziados. O transito virou um caos.
Para o carteiro Steve Smith, o apagão foi um sinal de alerta. "Usamos energia demais. No verão, há ar-condicionado em todos os lugares. No inverno, aquecedor. Acho que a gente poderia se conscientizar e conservar o que temos para nossos filhos e netos."
Com a temperatura alta, sobretudo dentro de casa, Bill Stone, sua mulher e seus dois filhos resolveram passar algumas horas na rua. "Pegamos cadeiras, sentamos e conversamos. Normalmente, estamos muito ligados à televisão e à internet e não desfrutamos da companhia de nossos filhos. Foi uma noite fantástica."


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