São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 2011

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Obama lança turnê em tom de campanha e é alvo de críticas

Com aprovação em queda, presidente visitará Estados pobres

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

Barack Obama embarcou ontem no que seu rival Mitt Romney chamou de "Magical Misery Tour", trocadilho entre o cenário econômico dos EUA e o álbum dos Beatles.
Até quinta, o presidente visitará três Estados onde a crise é grave, em viagem com cara de campanha. A turnê -oficialmente para "ouvir do americano comum como a política econômica afeta sua vida" em Minnesota, Iowa e Illinois- foi criticada por analistas de todo o espectro político.
"Pare de fazer campanha por 90 dias e foque sua energia na economia", disse David Gergen, analista moderado da CNN e professor de liderança política em Harvard. "Fazer isso mais de um ano antes da eleição solapa a autoridade presidencial." Obama, cuja popularidade atingiu na semana passada seu pior ponto (39% pelo Gallup), incorporou em seu discurso ontem promessas e frases sobre o que o levou a "ser candidato em 2008".
Além disso, as viagens são amplamente divulgadas no site da Casa Branca e no Twitter do governo.
Falando em Cannon Falls, Minnesota, ele voltou a criticar a oposição, a descolar-se dos "políticos em Washington" e a defender mais empregos -prioridade de 70% do eleitorado, segundo pesquisas, e razão da queda da confiança na economia.
O tom seguiu a linha agressiva da última semana.
"Sei que vocês estão frustrados, eu também estou", discursou. "[Os ex-presidentes] Ronald Reagan, George Bush sabiam que precisávamos de uma abordagem equilibrada para o Orçamento", afirmou, aludindo à negativa republicana de elevar impostos para conter o deficit. A virada retórica coincide com o acirramento da corrida pela candidatura republicana após a entrada do governador texano Rick Perry e a ascensão da deputada ultradireitista Michele Bachmann.
A deterioração da economia e o impasse político pesam nos prospectos de Obama. Ontem, o braço analítico da agência Moody's revisou de 3,5% para 2% sua projeção do PIB para a taxa anualizada deste semestre.
Também ontem, o Tesouro anunciou que os estrangeiros se desfizeram de US$ 11,5 bilhões nos EUA em junho, antes da piora da crise -é a primeira vez que as vendas predominam desde 2009.
Analistas apontam que esse capital ruma para emergentes como o Brasil, pressionando câmbio e inflação.


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