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`JIHAD IN AMERICA´
Entidades sediadas em solo americano são fachadas para organizações extremistas do Oriente Médio
Grupos pró-terror levantam fundos nos EUA
ALESSANDRA BLANCO
enviada especial a Washington
Pelo menos 14 organizações com
sede nos Estados Unidos correspondem a braços políticos e centros de arrecadação de fundos para grupos extremistas islâmicos,
como os palestinos Hamas e Jihad
e o libanês Hizbollah.
Essas organizações atuam sob a
fachada de entidades de caridade
ou grupos de pesquisa. Arrecadam
"dezenas de milhares de dólares" por ano para enviar ao Oriente Médio e recrutam jovens para
operações terroristas.
Essas informações constam de
um dossiê preparado pelo norte-americano Steve Emerson, um
ex-correspondente da TV CNN.
Em fevereiro último, ele entregou
ao Senado dos EUA, que avalia a
ameaça do terrorismo ao país, os
resultados de suas investigações.
Emerson vive, desde 94, em contato com agentes da CIA, que o informariam sobre eventuais planos
de ataque contra ele. Emerson disse, em entrevista à Folha em Washington, que quer evitar "surpresas" de organizações envolvidas com terrorismo.
A partir de 93, Emerson dedicou-se a investigar organizações
nos EUA que financiam o terror.
No ano seguinte, lançou um documentário com os primeiros resultados de seu trabalho, chamado
"Jihad in America" (a palavra jihad, em árabe, pode ser traduzida
como guerra santa).
As organizações pesquisadas por
Emerson vendem publicações e
vídeos, muitas vezes com mensagens extremistas, para arrecadar
dinheiro. Dirigem pedidos a muçulmanos, árabes e fundações árabes nos EUA para doações que seriam enviadas às crianças carentes
da faixa de Gaza e da Cisjordânia
(territórios palestinos conquistados por Israel em 1967). Em reuniões fechadas, pedem recursos
para sustentar as famílias de terroristas suicidas.
Emerson disse não dispor de cálculos sobre o montante arrecadado pelas instituições muçulmanas
que acusa de canalizar recursos
para o terrorismo. "Mas sabemos que a maior parte desse dinheiro vai para a compra de armas", afirmou.
"Outra parte do dinheiro vai
para as crianças pobres do Oriente
Médio, que são mantidas, por
exemplo, por instituições do Hamas", disse.
Segundo ele, essas entidades
também usam a ajuda financeira
para montar cursos de "formação ideológica" e de treinamento
militar para as crianças. Segundo
o ex-diretor-adjunto do FBI (polícia federal norte-americana), Oliver Revell, os EUA são hoje uma
sede político-estratégica-financeira do Hamas e da Jihad.
Funções
Cada "subsidiária" teria uma
função específica. A United Association for Studies and Research
(Associação Unida para Estudos e
Pesquisas), por exemplo, seria o
braço político-ideológico do Hamas, responsável por difundir
suas idéias nos EUA.
Vídeos são uma das principais
ferramentas das campanhas financeiras. Emerson descreveu
parte da propaganda: "Eles dizem: "Tenho uma lista com 16
mártires (terroristas suicidas), alguns morreram em operações ambiciosas; outros, em ataques. As
famílias precisam de sua assistência. Cada mártir precisa de US$
1.000. Quem pode financiar dez
mártires?".
A Islamic Association for Palestine (Associação Islâmica para a
Palestina) vende publicações e vídeos, em árabe e inglês, que trazem mensagens como: "O poder
de matar os americanos e seus
aliados -civis e militares- é um
dever individual de cada muçulmano...".
A IAP seria também responsável
por organizar conferências nos
EUA dos principais líderes extremistas islâmicos. A maior delas,
em 1991, em Washington, teria
reunido nomes como Mousa Abu
Marzook, dirigente do Hamas,
Ramadan Abdullah Shallah, da Jihad, e Omar Abdul Rahman, que
planejou o atentado ao World
Trade Center, de Nova York.
Após o atentado contra o World
Trade Center, a maioria desses líderes foi preso ou deportado dos
EUA. Os encontros, no entanto,
continuam a ocorrer. "Há dois
meses, outra conferência ocorreu
em Nova York. Só que eles estão
muito mais cuidadosos", afirmou
Emerson.
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