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Brasileira atua em missão na Tailândia
de Paris
Aurora Teixeira, 60, médica
anestesista, é a única brasileira em
missão da Médicos sem Fronteiras (MSF) da França. Desde abril,
ela é a coordenadora da unidade
de assistência aos refugiados sediada em Bancoc, na Tailândia.
Teixeira falou, em entrevista
por telefone à Folha, de sua experiência de dois anos como voluntária da MSF no Sri Lanka e em
Bancoc.
Folha - Como foi participar de
uma missão de guerra no Sri
Lanka?
Aurora Teixeira - Em minha
primeira missão no país, de julho
a setembro de 97, eu trabalhei em
um hospital próximo à área de
conflito entre as forças do governo e as forças de oposição do grupo étnico tamil, que estão em
constante guerra civil. Mas eu
queria estar no campo de batalha,
então voltei para um período de
cinco meses, no início de 98, para
um hospital na cidade de Malavi,
zona tamil, onde existiam bombardeios constantes.
Folha - Houve momentos de
muito perigo?
Teixeira - Nossa unidade ficou
várias vezes na iminência de ser
retirada. Os recursos eram mínimos, porque o governo não abastecia o nosso posto por questões
estratégicas. Às vezes, nós tínhamos de racionar até o oxigênio
para os pacientes.
Folha - O que mais lhe marcou
durante o trabalho em Malavi?
Teixeira - Houve uma verdadeira batalha pelo controle de uma
posição estratégica e morreu muita gente. A Cruz Vermelha, que se
responsabiliza pelos corpos, enfileirou cerca de 650 cadáveres para
serem reconhecidos pela população local. Eu não tive coragem de
ver, eles ficaram lá dias.
Folha - O que vocês fazem em
Bancoc?
Teixeira - Nossa unidade aqui é
de assistência para refugiados,
pois a Tailândia tradicionalmente
é uma zona que acolhe refugiados
de guerras civis. Temos 60 mil
pessoas em 20 acampamentos na
fronteira com o Myanma (antiga
Birmânia), que estão fugindo do
governo ditatorial local.
Eu trabalho como médica e
coordeno a unidade de Bancoc.
Viajo para os campos de refugiados, lidamos com epidemias de
cólera, de malária.
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