São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 2000

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SEQUESTRO NO AR
Rápido desfecho é considerado triunfo diplomático do Iraque
Avião saudita chega hoje a Londres

JOSÉLIA AGUIAR
DE LONDRES

Os 108 passageiros e membros da tripulação do vôo saudita que foi sequestrado no último sábado e levado para Bagdá, no Iraque, só devem desembarcar hoje em Londres, o seu destino final, dois dias depois do previsto -o avião deveria ter pousado na capital inglesa às 17h40 (14h40 de Brasília) de sábado.
Depois de passar o domingo inteiro à espera do vôo de volta no Iraque, os passageiros só voaram ontem à noite para a Arábia Saudita e só devem chegar hoje ao Reino Unido.
A razão da espera não foi esclarecida, mas acredita-se que as autoridades sauditas estivessem preocupadas com a possibilidade de que ainda houvesse explosivos na aeronave.
Os dois sequestradores foram presos pela polícia iraquiana. Em entrevista à TV de Bagdá, disseram que eram dissidentes sauditas e que o objetivo da ação foi chamar a atenção para a violação dos direitos humanos na Arábia Saudita. Eles disseram que escolheram o Iraque por ser o único país da região que não está ligado aos Estados Unidos.
Durante a ação terrorista, os passageiros não souberam o que ocorria. A tripulação permaneceu calma e não houve sinais de violência. Por isso, só perceberam que haviam saído de sua rota para Londres quando o avião aterrissou em Bagdá.

Desfecho
O Boeing 777-200 da Saudi Arabian Airlines saíra de Jidá, na Arábia Saudita, na manhã de sábado, em direção à capital inglesa, mas teve de desviar pouco depois de cruzar o espaço aéreo egípcio.
Os dois sequestradores, que ameaçavam explodir o avião, exigiram que o piloto pousasse em Bagdá, capital iraquiana. A aeronave sobrevoou Damasco, a capital síria, onde a princípio esperava-se que fosse pousar.
As autoridades iraquianas negociaram com os sequestradores e conseguiram que os passageiros e a tripulação fossem libertados menos de uma hora depois do pouso da aeronave em Bagdá, na noite de sábado.
Não ficou claro como as autoridades iraquianas negociaram o fim do sequestro.
"Nós fizemos o que era preciso para acalmar a situação", disse o ministro do Interior do Iraque, Tahar Jalil Habbush.

Triunfo
Ontem, alguns analistas avaliaram que o rápido desfecho poderia ser considerado um triunfo diplomático do Iraque, que está sob sanção das Nações Unidas desde a invasão do Kuait, em 90.
Tecnicamente, o pouso do avião saudita no Iraque quebrou o embargo aéreo.
Na manhã de ontem, o chanceler britânico, Robin Cook, afirmou que não iria agradecer ao Iraque por ter resolvido a crise porque os países tinham "obrigação" de prevenir atos terroristas.
O avião sequestrado incluía 40 passageiros britânicos, 15 sauditas, 15 paquistaneses e o resto de outras nacionalidades. Havia um norte-americano e um membro da família real saudita.


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