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EUA pedem que Chávez aja para resolver crise
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI
O governo norte-americano jogou para o presidente venezuelano, Hugo Chávez, a responsabilidade de dar o primeiro passo para
desarmar a bomba de tempo político-institucional que tumultua a
Venezuela.
Otto Reich, subsecretário de Estado para o Hemisfério Ocidental,
disse ontem que Chávez deveria
desarmar os chamados "Círculos
Bolivarianos", criados pelo próprio presidente para defender o
que ele chama de "revolução bolivariana".
O desarmamento seria o primeiro passo para um diálogo com
a oposição, que vem sendo defendido não só pelo governo dos
EUA como por outros setores
preocupados com a crise no país.
Chávez respondeu dizendo que
Reich está "totalmente desinformado". O governo venezuelano
afirma que os círculos são grupos
de trabalho social e nega que estejam armados.
A crise venezuelana levou o presidente do Peru, Alejandro Toledo, a propor uma reunião da OEA
(Organização dos Estados Americanos) para buscar uma solução.
A proposta foi feita em entrevista ao jornal "The Miami Herald",
aproveitando a participação de
Toledo na Conferência das Américas, organizada pelo jornal.
Mas Toledo acompanhou a proposta de críticas a Chávez: "É preciso respeitar as instituições porque Chávez foi eleito, mas ele não
está praticando a democracia.
Briga com todo mundo, com a
igreja, com os trabalhadores, com
os empresários".
Faltou pouco para que o governo venezuelano "brigasse" também com Toledo. O vice-presidente José Vicente Rangel reagiu
à proposta (e às críticas) citando
versículo bíblico que diz que "há
pessoas que vêem a palha no olho
alheio, mas não vêem a viga no
próprio olho".
Mas Rangel negou-se a esticar o
assunto, alegando que precisava
estudar melhor as declarações do
presidente do Peru.
Também Otto Reich, em entrevista em Miami, alegou que precisava de mais esclarecimentos antes de definir uma posição sobre a
proposta de Toledo.
Lembrou, de todo modo, que,
para que a OEA seja acionada, é
preciso que o governo afetado (no
caso, o da Venezuela) concorde.
O funcionário norte-americano
disse que "a situação na Venezuela está se tornando cada dia mais
difícil", criticou a polarização governo-oposição e disse que "é do
interesse de todos evitar mais
combustão".
Depois, em palestra para a Conferência das Américas, Reich jogou Brasil, Argentina, Venezuela
e Colômbia no mesmo saco, ao
dizer: "Se os problemas de Brasil,
Argentina, Venezuela e Colômbia
não forem resolvidos, afetarão os
Estados Unidos".
Clóvis Rossi viajou a Miami a convite do
jornal "The Miami Herald" para participar da Conferência das Américas
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