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Comandante brasileiro liga Kerry à violência
DA REDAÇÃO
Em declarações publicadas ontem, o comandante da Minustah
(Missão da ONU de Estabilização
no Haiti), o general brasileiro Augusto Heleno Ribeiro Pereira, 56,
relaciona a recente onda de violência em Porto Príncipe a declarações do candidato democrata
John Kerry em favor do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, que
deixou o país em fevereiro após
protestos e um levante armado.
"Há essa esperança, absolutamente infundada, mas que foi
criada pela declaração de um candidato à Presidência da República
nos Estados Unidos. E que foi tomada aqui ao pé da letra e criou
expectativa de que uma situação
de instabilidade no país e uma
mudança na política americana
pudesse contribuir para que o ex-presidente Aristide retornasse ao
país", disse o general à Radiobrás,
a agência de notícias do governo
federal.
Em março, Kerry disse que, se
fosse presidente, teria enviado
uma força internacional para proteger Aristide. "Eu estaria preparado para enviar tropas imediatamente, ponto", declarou o senador democrata na época, lembrando que o ex-presidente foi
eleito democraticamente.
Aristide tem acusado o governo
do presidente George W. Bush de
tê-lo levado seqüestrado do país.
Washington nega a acusação.
A recente onda de violência na
capital haitiana tem sido atribuída a partidários do ex-presidente
Aristide, que exigem a sua volta e
chama as tropas da Minustah de
"invasoras".
O general Heleno, no entanto,
negou a existência de um grande
problema de violência em Porto
Príncipe e culpa o clima da insegurança a uma "onda de boatos".
Segundo ele, "em nenhum momento se perdeu o controle" da
capital haitiana.
"Aqui existe uma síndrome de
pânico que quaisquer dois tiros
para o alto, imediatamente a imprensa coloca na rádio que a cidade está um caos. O ambiente é
muito fértil para boatos, para que
se espalhe a idéia de que a cidade
está no caos. Com isso, há uma
grande vantagem para os bandidos e uma desvantagem para as
forças legais", disse o general Heleno à Radiobrás.
Sobre a atuação da missão militar brasileira, que é responsável
pela região de Porto Príncipe, disse: "É impossível impedir totalmente que pequenas ações, que
pequenos fatos aconteçam ao longo do dia e da noite. Esses fatos dificilmente deixarão de acontecer.
A gente precisa contar um pouco
mais com a contribuição do próprio governo desfazendo boatos,
das agências internacionais, das
embaixadas".
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