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Advogada de opositores russos é envenenada na França
Moskalenko passa mal e falta à 1ª audiência sobre morte da jornalista Anna Politkovskaya; ativista é algoz do Kremlin em tribunal humanitário
DA REDAÇÃO
A advogada russa Karinna
Moskalenko, que representa a
família da jornalista assassinada Anna Politkovskaya e diversos oposicionistas em seu país,
foi hospitalizada na França
com suspeita de envenenamento e faltou ontem à audiência de instrução do processo sobre a morte de Politkovskaya
em Moscou.
Cápsulas de mercúrio, um
metal tóxico, foram encontradas no carro da família Moskalenko no domingo, segundo relatos feitos à polícia de Estrasburgo, cidade francesa onde
funciona o Corte Européia de
Direitos Humanos (CEDH).
"Alguém colocou aquilo ali,
mas não sei quem pode ter feito
isso ou qual seu objetivo", disse
Moskalenko. Ela foi hospitalizada para exames anteontem
com os três filhos, que tiveram
dores de cabeça e enjôo.
Co-fundadora de uma ONG
dedicada à investigação dos desaparecimentos forçados na
Tchetchênia, região separatista
russa de maioria muçulmana, e
à defesa dos direitos dos detidos na Rússia, a advogada passa
grande parte do tempo em Estrasburgo, onde já apresentou
dezenas de casos contra o país
na CEDH.
Moskalenko representa familiares de vítimas da tomada
dos reféns do teatro Dubrovka
de Moscou (2002) e da escola
de Beslan (2004), episódios ligados à insurgência tchechena.
Advogou também para opositores célebres, como o bilionário
Mikhail Khodorkovsky, ex-presidente da gigante petrolífera Yukos hoje encarcerado, e o
enxadrista Garry Kasparov.
Casos de envenenamento de
dissidentes atraíram a atenção
internacional durante a Presidência de Vladimir Putin, atual
premiê russo. No final de 2006,
o ex-espião Alexander Litvinenko foi assassinato em Londres por envenenamento com
polônio 210, uma substância
radiotiva rara e altamente letal.
Julgamento
Sem a presença de Moskalenko e do acusado de atirar
contra a jornalista, Rustam
Makhmudov, que está foragido,
foi realizada ontem a primeira
audiência de instrução do caso
Politkovskaya. Ninguém foi
apontado como autor intelectual do crime.
Conhecida pela oposição às
ações do Kremlin da Tchechênia, a jornalista foi morta em
2006 com três tiros no peito e
um na cabeça. Na época, Putin
afirmou que ela não tinha "nenhuma influência na vida política" e seu assassinato provocava "mais dano [ao governo] do
que os textos que publicava".
Contrariando o desejo da família de Politkovskaya, a audiência de ontem ocorreu a
portas fechadas. Os acusados
são dois irmãos de Makhmudov e um ex-policial moscovita,
Sergei Khadzhikurbanov.
O quarto investigado, um
agente do serviço secreto acusado, não foi indiciado, mas terá de depor no processo. Seu
envolvimento embasou a decisão de julgar o caso em um tribunal militar.
O relatório da ONG Repórteres Sem Fronteira registra 21
assassinatos de jornalistas russos entre 2000 e 2007. Em pelo
menos 13 casos, há indícios de
morte encomendada.
Com agências internacionais
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