São Paulo, sexta, 16 de outubro de 1998

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ESTUDANTES NAS RUAS
Secundaristas participam de manifestações em todo o país e exigem mais salas de aulas e mais professores
Protestos reúnem 400 mil na França

MARIANA SGARIONI
de Paris

Pelo menos 400 mil estudantes secundaristas protestaram ontem nas ruas das principais cidades da França contra salas de aula superlotadas, falta de professores e más condições na rede de ensino.
Em Paris, cerca de 28 mil pessoas estavam presentes na manifestação, segundo a prefeitura. Atos de vandalismo fizeram com que a passeata fosse reduzida na cidade.
Centenas de jovens que não faziam parte do protesto se infiltraram no início da passeata, na praça Nation, na região leste.
Ao longo da passeata, várias cabines de telefone foram destruídas, vitrines de lojas quebradas e carros foram incendiados. Algumas lojas chegaram a ser saqueadas. No total, 82 pessoas foram presas e cinco ficaram feridas, entre elas dois policiais e um estudante.
Em outras cidades não foram registrados maiores tumultos. Na manhã de ontem, havia pelo menos 20 mil manifestantes em Bordeaux, 15 mil em Lyon, 12 mil em Toulouse, 10 mil em Marselha e 9.000 em Rouen.
Os estudantes iniciaram uma onda de protestos em todo o país há duas semanas. Segundo a FIDL (sigla em francês para Federação Independente e Democrática dos Estudantes), a principal reivindicação é a criação de mais salas de aula e a contratação de novos professores para solucionar o problema da superlotação.
"Nas aulas de espanhol, por exemplo, o aprendizado fica prejudicado quando há mais de 30 alunos em uma sala", disse à Folha Luci Galut, 15, que estava na passeata ontem, em Paris.
Segundo o ministro da Educação francês, Claude Allègre, em Paris há, em média, 27 alunos por sala de aula nos cursos secundaristas. Mas ele admite que existem cursos "mais procurados". "Teoricamente, deveríamos ter 20 alunos por sala, mas já vi salas com 39 alunos", afirmou o ministro.
Os estudantes exigem ainda que a Assembléia Nacional aprove previsão de verbas adequada às reformas na área de ensino no próximo ano, que compreendem também a melhora dos espaços escolares e do material didático.
O Orçamento deste ano destinado à educação no país foi de US$ 36 bilhões. Allègre afirma que pretende defender um Orçamento de US$ 62,72 bilhões para o ano que vem. A Assembléia deve se pronunciar sobre o Orçamento do país na próxima semana.
Segundo Thibaud Cotta, secretário-geral da FIDL, os protestos deverão continuar até o governo oferecer uma proposta concreta para a área. Uma nova manifestação nacional já está marcada para a próxima terça-feira.
Allègre, considerando a amplitude que vêm tomando as manifestações, não se cansa de dizer que "as reivindicações são legítimas", mas que não pode reformar todo o sistema em um mês.
² Reunião
Na tarde de ontem, Allègre recebeu uma delegação de estudantes secundaristas. "Vamos convocar um novo ato, pois até agora não temos nada de preciso. Só foram apresentadas datas de reuniões", prometeu Alice Martin, a porta-voz da delegação.



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