São Paulo, Terça-feira, 16 de Novembro de 1999
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ALIANÇA MILITAR
Continente deve criar força de intervenção, com pelo menos 40 mil homens, para casos de emergência
Europeus discutem "Exército comum"


FÁTIMA GIGLIOTTI
de Paris

Pela primeira vez desde a criação da União Européia (UE), os ministros das Relações Exteriores e da Defesa dos 15 países-membros reuniram-se ontem, em Bruxelas (Bélgica), para discutir um projeto de "Exército comum" que garanta a independência européia dos norte-americanos, em termos de defesa.
Os 30 ministros começaram a avaliar a composição de uma força militar própria, capaz de operações de emergência e de manutenção da paz em situações de crise, a partir de uma proposta apresentada pelo Reino Unido.
Segundo essa proposta, até o final de 2003 deveria ser criada uma força de reação rápida de ao menos 40 mil homens, que permitiria à União Européia ter tropas, apoiadas por navios e aviões, para intervir quando necessário na região e nas áreas próximas às fronteiras dos 15 países.
Seria necessário que cada membro colocasse à disposição homens e equipamentos para compor a força militar, que seria o embrião de um Exército europeu.
A proposta britânica, que já tem o apoio da França e da Alemanha, respeita a hierarquia da Otan (aliança militar ocidental), responsável pela defesa territorial na Europa.
Em abril, os dirigentes da aliança deram sinal verde à criação de um pilar europeu de defesa ao autorizar a União da Europa Ocidental (UEO), o braço militar da União Européia, a utilizar meios militares da Otan para uma operação de manutenção de paz.
Para a França, a União Européia deve criar condições para ser capaz de avaliar as situações de crise, planejar e conduzir as operações militares, ter forças de combate capazes de sustentar operações de longa duração e manter um relacionamento de alto nível entre os Exércitos nacionais.
Para efetivar o projeto de constituição da Identidade Européia de Segurança e de Defesa (Iesd), é necessária a criação de um comitê militar e de um comitê político e de segurança na União Européia.
Para coordenar esse processo, o espanhol Javier Solana deverá assumir na próxima semana a secretaria geral da UEO, a organização européia competente para decisões em matéria de defesa. Solana deve promover a integração entre a UEO e a União Européia e sua articulação com as demais instituições européias até o final de 2000.
A reunião de ontem antecede a cúpula européia de Helsinque, que, em dezembro, deve estabelecer o calendário definitivo do processo que vai dar à União Européia capacidade de intervenção militar nas crises regionais.


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