São Paulo, sábado, 16 de novembro de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Colonos judeus e soldados a caminho da Tumba dos Patriarcas são baleados; Jihad Islâmico assume o ataque

Palestinos matam 12 israelenses em Hebron

Yossi Zamir/Flash90/Reuters
Colono israelense ferido a tiros durante ataque palestino em Hebron é levado a uma ambulância


DA REDAÇÃO

Atiradores palestinos abriram fogo e lançaram granadas ontem numa emboscada contra colonos israelenses em Hebron, na Cisjordânia, matando ao menos 12 pessoas e ferindo outras 15.
O grupo extremista Jihad Islâmico reivindicou a autoria do ataque. As vítimas foram atingidas quando se dirigiam a pé do assentamento de Kiryat Arba à Tumba dos Patriarcas -local sagrado para o judaísmo e para o islamismo, situado no centro da cidade- onde fariam as orações de início do shabat (dia judaico do descanso).
Soldados israelenses que correram ao local para ajudar também foram atingidos -alguns deles morreram ou ficaram feridos, segundo a rádio Israel.
Esse foi aparentemente o mais grave atentado em Hebron desde o início da Intifada (levante contra a ocupação), em setembro de 2000. A ação pode provocar forte retaliação militar de Israel nos territórios palestinos.
"Esse massacre, no shabat, é o segundo em uma semana contra civis inocentes, assassinados em suas camas ou a caminho das orações", afirmou Gilad Millo, porta-voz da chancelaria israelense. "Nenhum processo político pode continuar enquanto terroristas palestinos continuarem a cometer esse tipo de atrocidades."
O tiroteio, iniciado por volta das 19h (15h, no horário de Brasília), durou cerca de 90 minutos, dificultando a chegada de ambulâncias para resgatar os feridos -muitos dos quais encontravam-se em estado grave. Helicópteros militares tiveram de ajudar no resgate.
Falando por telefone à rede de TV do Qatar Al Jazeera, Ramadan Shallah, líder do Jihad Islâmico, disse que a operação terrorista foi em resposta à morte de um membro de sua organização, Iyad Sawalha, no início do mês, em Jenin.
"Apresento congratulações aos nossos heróicos mujahideen, que conseguiram fazer essa notável operação", disse Shallah, que costuma residir na Síria.
Em 25 de outubro, o Exército israelense havia deixado de patrulhar a maior parte dos setores de Hebron controlados pela Autoridade Nacional Palestina (ANP), de acordo com um plano do governo que previa a retirada militar de localidades mais tranquilas.
As tropas, porém, nunca deixaram totalmente o a cidade, já que precisam proteger os cerca de 450 colonos que vivem num encrave no centro de Hebron, cercados por cerca de 130 mil palestinos.
Após um acordo em janeiro de 1997, a cidade ficou dividida entre uma parte controlada pela ANP e outra sobre a qual Israel continua a manter soberania.
Em outro episódio violento na Cisjordânia ontem, soldados israelenses mataram um palestino a tiros em Nablus. O Exército disse que seus homens abriram fogo após o manifestante ter lançado explosivos na sua direção.
A ofensiva de Israel em Nablus, iniciada na quarta-feira, veio em resposta a um atentado palestino no kibutz (comunidade agrícola) Metzer, que deixou cinco mortos -entre eles uma mãe e seus dois filhos de quatro e cinco anos.
Pelo menos 1.659 palestinos e 637 israelenses já morreram no atual conflito, que já dura mais de dois anos.

Pesquisa eleitoral
O premiê israelense, Ariel Sharon, ampliou sua vantagem na disputa contra o chanceler Binyamin "Bibi" Netanyahu pela liderança do partido Likud. O vencedor das primárias sairá como o favorito para conquistar o governo do país nas eleições parlamentares de 28 de janeiro.
Segundo pesquisa publicada pelo diário "Yediot Ahronot", Sharon tem hoje a preferência de 54% dos membros do partido, contra 38% de "Bibi". As primárias serão em 28 de novembro.
O levantamento indica que o discurso linha-dura de Netanyahu não tem empolgado seus colegas do Likud. "Bibi" sustenta posição mais militarista que a de Sharon sobre as relações de Israel com os palestinos. Nesta semana, defendeu que Iasser Arafat, presidente da ANP, fosse exilado.
A pesquisa diz que o Likud (centro-direita) deve aumentar a bancada de deputados dos atuais 19 para 35. Os trabalhistas (centro-esquerda) devem cair de 25 para 19 cadeiras no Parlamento.


Com agências internacionais

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