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Militares são grupo favorito nos EUA
Forças Armadas despertam mais confiança pública que igreja, Congresso e Executivo, mostra pesquisa
Entre os pré-candidatos à Presidência, a democrata Hillary Clinton chegou em primeiro na confiança, mas também no nível de rejeição
ANDREA MURTA
DA REDAÇÃO
Apesar do fracasso no Iraque,
as Forças Armadas dos Estados
Unidos passaram com louvor
em ao menos uma prova: a de
popularidade. Os militares ficaram em primeiro lugar entre 12
instituições em uma pesquisa
que mede o grau de confiança
dos americanos em seus líderes. O estudo foi divulgado nesta semana pelo Centro de Liderança Pública da Universidade
Harvard (EUA).
Em contraste, níveis de confiança em relação ao Poder
Executivo e a congressistas obtiveram, respectivamente, o segundo e o terceiro piores resultados. "Essa diferença é muito
importante. Temos feito a pesquisa há três anos e ela é persistente", afirmou à Folha Seth
Rosenthal, principal autor do
"Estudo Nacional de Confiança
em Líderes", feito por telefone
com 1.207 adultos.
Em uma escala até quatro, os
militares chegaram a um total
de 3,15 pontos. O Poder Executivo conseguiu 2,43 e os congressistas, 2,53. O pior índice
de confiança coube à imprensa,
com apenas 2,26 pontos.
A pesquisa não indica a razão
das escolhas, mas Rosenthal
disse ser plausível crer que o
público não culpa os militares
pelo fracasso no Iraque.
Para o historiador e analista
político de Harvard Alexander
Keyssar, a explicação é simples: em tempos de guerra, é
"pouco patriótico" nos EUA falar mal do Exército. "As pessoas se sentem muito desconfortáveis em criticar os militares, como se isso de alguma forma fosse colocá-los em perigo."
Robert Shapiro, especialista
em opinião pública e liderança
política da Universidade Columbia (Nova York), concorda
e afirma que os americanos colocam a culpa pela situação do
Iraque no governo. "Questiona-se a competência do presidente, mas os comandantes estão isolados das críticas."
O fenômeno ficou claro em
setembro, quando um anúncio
publicado no jornal "The New
York Times" contra o principal
comandante militar dos EUA
no Iraque recebeu duras críticas. O anúncio fez um trocadilho com o nome do militar
-"General Petraeus or General Betray Us" ("betray", em inglês, é trair, e "us", nós)- quando ele depôs no Congresso.
Fiasco presidencial
Para o governo, não há boas
notícias na pesquisa. Cerca de
77% dos participantes dizem
crer que há uma crise de liderança nos EUA. Apenas 7% afirmam que os EUA irão piorar
depois das eleições de 2008
-quando o presidente, George
W. Bush, deixará o poder.
As respostas, obtidas entre os
dias 4 e 17 de setembro, são coerentes com um levantamento
da CBS que mediu em míseros
30% a taxa de aprovação a Bush
em outubro.
Quanto à corrida presidencial, o levantamento trouxe dados curiosos. A senadora democrata Hillary Clinton é a pré-candidata com a maior taxa de
"muita confiança" entre os entrevistados em geral: 33%. Mas
ela é também a que obteve mais
respostas denotando "nenhuma confiança", com 26%.
Para Rosenthal, "o importante é notar que os americanos já
decidiram o que pensam em relação a Hillary". "Só 2% responderam que não sabem o quanto
confiam nela", afirmou.
Outro personagem controvertido é o ator e senador Fred
Thompson, que ficou famoso
nos EUA pelo papel de promotor distrital no seriado de TV
"Lei e Ordem", da NBC. Entre
os participantes republicanos,
ele obteve o maior número de
declarações de "muita confiança" em suas capacidades: 27%.
Mas foi seguido de perto pelo
ex-prefeito de Nova York Rudy
Giuliani, com 26%. Se considerada a margem de erro, de 2,8
pontos para mais ou para menos, há empate técnico.
Ao mesmo tempo, Thompson obteve o pior índice se considerados apenas os entrevistados democratas, dos quais apenas 3% declararam ter "muita
confiança" no senador.
Independentemente das
preferências, Keyssar avalia
que os números revelam um
momento de profunda apreensão nos EUA, devido tanto à
guerra no Iraque quanto a uma
percepção de vulnerabilidade
econômica. "Há mais ansiedade entre os americanos hoje do
que em qualquer época de que
eu possa me lembrar", afirma.
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