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LIBERDADE SOB TUTELA
Tesouro revoga restrição a escritores de país sob embargo
Washington recua e libera publicações de dissidentes
LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK
O Tesouro americano derrubou
ontem a maior parte das barreiras
à publicação de obras de autores
de países sob embargo econômico dos EUA. A mudança ocorreu
após associações de escritores e
editores abrirem processo na Justiça contra o Ofac, o órgão que
controla ativos estrangeiros no
país e que impôs as restrições.
"As diretrizes anteriores do
Ofac foram interpretadas por alguns como um mecanismo para
desencorajar a publicação de dissidentes. Isso é o oposto do que
queremos", disse Stuart Levey,
subsecretário do Tesouro, em comunicado. "Com a nova política,
garantiremos que as vozes dissidentes sejam ouvidas sem prejudicar o regime de sanções."
Entre os que tiveram obras barradas está a juíza iraniana Shirin
Ebadi, vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2003.
Com a nova licença, as atividades editoriais ficam eximidas da
maioria das restrições. Mas as
barreiras persistem para publicações ligadas ao governo desses
países ou a seus representantes.
A antiga legislação proibia as
editoras americanas de publicar
trabalhos inéditos de autores de
países embargados sob a alegação
de que usar dinheiro americano
para desenvolver os projetos infringiria o espírito das sanções.
Um dia antes, Larry Siems, diretor do PEN American Center, dissera à Folha que a confusão sobre
as regras havia intimidado os editores ao sujeitá-los a penas de 10
anos de prisão e tornara impossível a publicação de dissidentes,
cujas obras nunca são divulgadas
em seus países de origem.
O PEN foi um dos autores do
processo judicial para restaurar a
permissão para as publicações,
com o argumento de que a norma
do Tesouro, ontem revogada, feria a liberdade de expressão.
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