São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 2006

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Exército do Chile expulsa 2º oficial por apoio a Pinochet

Nova expulsão é do general Ricardo Hargreaves, que disse apoiar a "causa" pinochetista

Dois dias antes, neto de ditador fora destituído por apologia ao golpe; governo reforça que militares não podem emitir juízo político

DA REDAÇÃO

O Exército do Chile expulsou o general de divisão Ricardo Hargreaves, depois que este declarou seu apoio à "causa" do ditador Augusto Pinochet, morto no último domingo, na segunda medida disciplinar desse tipo adotada em dois dias.
Depois do funeral do ditador na Escola Militar, na última terça-feira, Hargreaves declarou ao jornal local "La Prensa Austral": "fui partícipe da causa de Pinochet. Compartilhei plenamente essa causa e continuo compartilhando".
"Devemos muitas coisas a ele [Pinochet], não somente como Exército, mas como país", disse ainda o general, afirmando que o ditador "foi capaz de assumir uma grande responsabilidade em um momento em que o país estava absolutamente convulsionado e e em colapso".
Hargreaves era chefe da divisão do Exército na cidade de Punta Arenas e recentemente havia sido designado chefe da guarnição militar de Santiago. Ele assumiria o cargo na próxima quinta-feira.
Esta é a segunda destituição de um militar do Exército após declarações políticas polêmicas. Anteontem, o neto do ditador, capitão Augusto Pinochet Molina, 33, foi expulso depois de ter feito apologia ao golpe militar de 1973 durante o funeral do avô.
Fardado e quebrando o protocolo militar, Molina elogiou o avô por derrotar "não pelo voto, mas pelo meio armado (...) o modelo marxista que queria impor seu traço totalitário", referindo-se à Unidade Popular do presidente Salvador Allende, deposto pelo golpe. Disse ainda que "juízes [dos processos contra Pinochet] buscavam mais fama que justiça".

Opiniões políticas
A ministra da Defesa, Vivianne Blanlot, aprovou a nova expulsão e disse não ser um caso de revanchismo. "Não se trata de Pinochet, trata-se de os militares não deverem emitir opiniões políticas", afirmou.
"Há uma razão de fundo que é muito forte, e que às vezes não se entende bem: a de que as Forças Armadas existem para proteger todos os chilenos de ameaças externas, principalmente. O que precisamos é poder confiar nas Forças Armadas, às quais entregamos armas", continuou a ministra.
"As Forças Armadas têm de dar garantias todos os dias de que nunca terão, por posições políticas, o interesse ou a tentação de utilizar essas armas contra nossos próprios cidadãos", finalizou Blanlot.


Com agências internacionais

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