|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Exército do Chile expulsa 2º oficial por apoio a Pinochet
Nova expulsão é do general Ricardo Hargreaves, que disse apoiar a "causa" pinochetista
Dois dias antes, neto de ditador fora destituído por apologia ao golpe; governo reforça que militares não podem emitir juízo político
DA REDAÇÃO
O Exército do Chile expulsou
o general de divisão Ricardo
Hargreaves, depois que este declarou seu apoio à "causa" do
ditador Augusto Pinochet,
morto no último domingo, na
segunda medida disciplinar
desse tipo adotada em dois dias.
Depois do funeral do ditador
na Escola Militar, na última
terça-feira, Hargreaves declarou ao jornal local "La Prensa
Austral": "fui partícipe da causa
de Pinochet. Compartilhei plenamente essa causa e continuo
compartilhando".
"Devemos muitas coisas a ele
[Pinochet], não somente como
Exército, mas como país", disse
ainda o general, afirmando que
o ditador "foi capaz de assumir
uma grande responsabilidade
em um momento em que o país
estava absolutamente convulsionado e e em colapso".
Hargreaves era chefe da divisão do Exército na cidade de
Punta Arenas e recentemente
havia sido designado chefe da
guarnição militar de Santiago.
Ele assumiria o cargo na próxima quinta-feira.
Esta é a segunda destituição
de um militar do Exército após
declarações políticas polêmicas. Anteontem, o neto do ditador, capitão Augusto Pinochet
Molina, 33, foi expulso depois
de ter feito apologia ao golpe
militar de 1973 durante o funeral do avô.
Fardado e quebrando o protocolo militar, Molina elogiou o
avô por derrotar "não pelo voto, mas pelo meio armado (...) o
modelo marxista que queria
impor seu traço totalitário", referindo-se à Unidade Popular
do presidente Salvador Allende, deposto pelo golpe. Disse
ainda que "juízes [dos processos contra Pinochet] buscavam
mais fama que justiça".
Opiniões políticas
A ministra da Defesa, Vivianne Blanlot, aprovou a nova expulsão e disse não ser um caso
de revanchismo. "Não se trata
de Pinochet, trata-se de os militares não deverem emitir opiniões políticas", afirmou.
"Há uma razão de fundo que
é muito forte, e que às vezes não
se entende bem: a de que as
Forças Armadas existem para
proteger todos os chilenos de
ameaças externas, principalmente. O que precisamos é poder confiar nas Forças Armadas, às quais entregamos armas", continuou a ministra.
"As Forças Armadas têm de
dar garantias todos os dias de
que nunca terão, por posições
políticas, o interesse ou a tentação de utilizar essas armas contra nossos próprios cidadãos",
finalizou Blanlot.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Oposição e governistas se agridem na Bolívia Próximo Texto: Américas: Parlamentares dos EUA estão em Cuba para tentar diálogo Índice
|