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VATICANO
Frade sugere a papa dia de penitência por abusos sexuais
DA REDAÇÃO
Em pregação ontem no
Vaticano, o frade italiano Raniero Cantalamessa sugeriu
que o papa Bento 16 institua
um dia de penitência e jejum
públicos pelos escândalos de
abuso sexual de crianças em
que se envolveram recentemente padres da Igreja Católica.
Cantalamessa exerce no
Vaticano o cargo de pregador
da Casa Pontifícia, e uma de
suas principais funções é recomendar ao papa e a outros
membros do alto clero uma
reflexão. Ele o faz em mensagens às sextas-feiras da Quaresma e do Advento -período este que antecede a celebração do Natal.
Segundo o frade capuchinho, os abusos às crianças
são "abominações" cometidas dentro da igreja, pelas
quais ela "pagou um alto preço" e das quais deve se arrepender. Cantalamessa recomendou que o dia de penitência seja adotado em âmbito local e nacional, onde houve mais casos de abusos.
Apesar de a mensagem ter
sido dura, ela frisou o que seria um caráter pessoal dos
delitos, aliviando a culpabilidade da instituição. Segundo
conta o "Catholic News Service", o frade afirmou que
"há algo que esses irmãos
[que praticaram abusos] devem evitar: tirar proveito da
repercussão para aliviar sua
culpa, dando entrevistas ou
escrevendo memórias numa
tentativa de transferir a culpa para seus superiores e a
comunidade eclesiástica".
O Vaticano ainda não se
pronunciou sobre se o papa
seguirá ou não a sugestão recebida ontem.
EUA
Para um grupo que reivindica os direitos das vítimas
de padres pedófilos nos EUA,
o Snap (sigla em inglês para
rede de sobreviventes das vítimas de abusos de padres), a
penitência não é suficiente.
"Nós preferíamos que o papa
disciplinasse os bispos que
são cúmplices" dos abusos,
disse Barbara Blaine, presidente da Snap, à agência de
notícias Associated Press.
Nos EUA, acusações de
abusos sexuais a crianças por
parte de padres católicos já
geraram vários processos
desde 2002, e a igreja teve de
pagar milhões de dólares em
indenizações a vítimas.
Documentos da igreja revelados no curso desses processos mostraram que era
recorrente que bispos transferissem padres acusados
desses delitos para outras
paróquias, em vez de os delatar à polícia.
Com agências internacionais
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