São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

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Hemorragia acometeu Fidel durante voo

Segundo relato revelado pelo WikiLeaks, o ex-ditador de Cuba foi submetido às pressas a intervenções cirúrgicas

"Fidel atravessa estado terminal e sofrerá uma inevitável deterioração até sua morte", diz texto divulgado pelo "El País"


DE SÃO PAULO

O ex-ditador de Cuba Fidel Castro cedeu o poder ao irmão Raúl em julho de 2006 depois de sofrer uma grave hemorragia intestinal durante um voo entre Holguín e Havana, segundo documento diplomático dos EUA revelado pelo WikiLeaks e divulgado ontem pelo "El País".
A ausência de médico para socorrer o líder cubano durante a viagem de cerca de 734 km obrigou o avião a realizar aterrissagem de emergência para que ele pudesse ser levado até um hospital.
O relato é assinado pela seção de interesses dos EUA na ilha -os dois países não têm relações diplomáticas- e baseado em um informe médico considerado fidedigno.
Na avaliação do documento, "Castro atravessa um estado terminal e sofrerá uma inevitável deterioração das faculdade mentais até o momento de sua morte. Mas não vai morrer imediatamente".
"Provavelmente Castro quase morreu entre julho e outubro de 2006, [e] faltam variáveis para prever quantos meses mais viverá. Nem ele mesmo pode saber."
O diagnóstico oficial seria diverticulite de colo, uma inflamação no intestino grosso que provocou a hemorragia.
Ainda segundo o texto, algumas intervenções cirúrgicas a que foi submetido falharam, bem como a primeira tentativa de reabilitação.
Fidel teria ainda resistido a algumas opções de intervenção, optando por tratamento que causasse o menor transtorno às suas atividades.
As circunstâncias que levaram Fidel a ceder o poder a Raúl após 47 anos à frente de Cuba são tratadas como segredo de Estado na ilha e motivaram muitas especulações sobre a sua possível morte.
A misteriosa doença e sua custosa recuperação o levariam a efetivar seu irmão no poder em fevereiro de 2008.
Durante o período em que esteve convalescente, Fidel perdeu 18 kg e teve de ser alimentado por sondas. Um médico espanhol chegou a ser chamado para tratá-lo, mas foi depois dispensado.

DESTITUIÇÕES
Outros despachos sobre Cuba revelam que a Espanha, a União Europeia (UE) e o Japão perderam seus melhores interlocutores com as destituições do vice-presidente Carlos Lage e do chanceler Felipe Pérez Roque em março do ano passado.
As impressões foram passadas pelo governo espanhol a representantes diplomáticos americanos em Madri.
Segundo os relatos, o então chanceler espanhol Miguel Ángel Moratinos chegou a expressar confiança de que poderia provocar mudanças por sua relação com Pérez.
O ex-chanceler e Lage eram considerados pró-reformas liberalizantes sob Raúl.
Dias depois, Fidel, que começara a escrever, explicou as destituições: "O inimigo externo se encheu de ilusões com eles. O mel do poder lhes despertou ambições que os levaram a papel indigno".


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