São Paulo, quarta, 16 de dezembro de 1998

Próximo Texto | Índice

OFENSIVA
Presidente inicia corpo-a-corpo para mudar tendência favorável a aprovação do impeachment pelos deputados
Clinton tenta conquistar indecisos

Associated Press
Secretária de deputada republicana separa mensagens contra o impeachment (pilha maior, à dir.) e a favor


MARCELO DIEGO
de Nova York

O presidente dos EUA, Bill Clinton, vai se dedicar hoje a um corpo-a-corpo com representantes (deputados) indecisos para tentar evitar uma derrota na votação do processo de impeachment na Câmara . Ele vai tentar atraí-los para a posição contrária ao afastamento.
O processo será votado na Câmara amanhã ou na sexta-feira. Será a primeira votação para depor um presidente em 130 anos.
O governo espera ter os 218 votos necessários (maioria simples) para evitar que o impeachment chegue ao Senado.
Para ajudar Clinton, o vice-presidente Al Gore cancelou viagem e permanecerá em Washington.
O lobby foi confirmado pelo secretário de Imprensa da Casa Branca, Joe Lockhart. "O presidente estará disponível para receber deputados."
O primeiro será Christopher Shays. Indeciso, ele havia declarado apoio ao impeachment, mas voltou atrás e quer conversar com Clinton -que chegaria a Washington ontem à noite, após uma viagem pelo Oriente Médio.
As notícias para o presidente em sua chegada ao país não serão muito boas. Mais deputados indecisos anunciaram ontem apoio ao impeachment. Jack Quinn, John McHugh (ambos de Nova York) e Fred Upton (Michigan) saíram da lista de possíveis aliados do governo para se firmarem na oposição. Já o democrata Virgil Goode Jr., que era a favor do impeachment, virou indeciso.
A verdade é que ambos os lados ainda não sabem quantos votos têm. Os democratas dizem ter 203 votos, entre seus 206 representantes na Câmara. Precisariam amealhar mais 15 aliados, entre os 228 republicanos e 1 independente, para barrar o processo.
Segundo o líder democrata, Dick Gerphardt, a situação não é de desespero. "O número de indecisos moderados ainda é alto o suficiente para mantermos as esperanças."
Segundo levantamento da imprensa dos EUA, há ainda cerca de 28 indecisos (um democrata e 27 republicanos).
O presidente é acusado de quatro transgressões constitucionais: duas por falso testemunho, uma por obstrução de Justiça e outra por abuso de poder.
O presidente foi investigado pelo envolvimento com a ex-estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky. A Câmara também acatou denúncias do caso Paula Jones (que disse ter sofrido assédio sexual).
Se o impeachment for aprovado pela Câmara, será votado pelo Senado. Lá, precisa de 67 votos (dois terços) para ser aprovado. Os republicanos têm 55 votos.
O ex-líder do Senado e candidato derrotado à Presidência em 96, Bob Dole, escreveu ontem, no jornal "The New York Times", que dificilmente o impeachment será aprovado.
Propôs uma censura pública ao presidente, aprovada pelo Congresso e reconhecida por Clinton.
Um grupo de 14 democratas divulgou uma carta também pedindo que a Câmara permita a votação da censura. A proposta foi negada pela Comissão de Justiça.
Um dos trunfos dos democratas, o uso das pesquisas de opinião, revelou uma surpresa ontem. O jornal "The Washington Post" mostrou que 6 em cada 10 norte-americanos acham que Clinton deve renunciar caso o processo chegue ao Senado.



Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.