São Paulo, quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Atentados matam mais de cem no Iraque

Estudo da ONU situa em 34.452 número de civis mortos em 2006, quase o triplo da estimativa do governo iraquiano

No pior ataque de ontem, carros-bomba mataram 65 perto de universidade em Bagdá; premiê atribuiu os atentados a "saddamistas"

Ahmad al Rubaye/Associated Press
Idoso passa por local onde explodiram dois carros-bomba em Bagdá; governo iraquiano considerou números da ONU "imprecisos"

DA REDAÇÃO

Pelo menos 109 pessoas morreram em atentados cometidos ontem em Bagdá, no mesmo dia em que as Nações Unidas divulgaram um estudo que estima em 34.452 o número de civis mortos de forma violenta no ano passado no Iraque. O ataque mais sangrento de ontem ocorreu perto de uma universidade da capital, onde duas explosões deixaram 65 mortos.
Foi o dia mais violento neste ano no Iraque, cujo governo se prepara para implementar um plano de segurança em Bagdá que é o ponto central da nova estratégia dos EUA para o país.
Os piores atentados ocorreram em áreas predominantemente xiitas, como a da universidade Al Mustansiriya, onde duas vans explodiram no momento em que os estudantes embarcavam. Cerca de 45 minutos depois, homens armados abriram fogo contra um mercado aberto no oeste da capital, deixando 11 mortos.
O premiê Nuri al Maliki atribuiu o atentado na universidade a "terroristas e saddamistas" em busca de vingança pelo enforcamento, na segunda-feira, de dois membros do regime de Saddam Hussein. Assim como o ditador, executado no dia 30 de dezembro, os dois foram condenados por crimes contra a humanidade pelo assassinato de 148 xiitas em 1982.

Triplo de mortes
O número de civis mortos em 2006 divulgado ontem no estudo da ONU é quase três vezes maior que o da estimativa oficial, anunciada no início do mês pelo governo iraquiano, de 12.357. De acordo com Gianni Magazzeni, chefe da Missão de Assistência da ONU para o Iraque, o novo cálculo foi baseado em informações do governo e de hospitais e necrotérios.
O estudo da ONU situa ainda em 36.685 o número de feridos no ano passado e em 30.842 os detidos, incluindo 14.534 em instalações administradas pelo Exército americano. O relatório traça um panorama sombrio de um país em que a violência causou sérios distúrbios à educação, forçando escolas e universidades a fechar.
Várias organizações internacionais se dedicam a calcular o número de vítimas da violência no Iraque, cada uma com critérios (e resultados) diferentes. Em outubro do ano passado, um estudo da Universidade Johns Hopkins (EUA), com base em amostragem estatística extraída de entrevistas com iraquianos, sugeriu que 655 mil iraquianos foram mortos desde a invasão, em 2003. Para o Iraq Body Count, que usa como fonte registros de mortes feitos pela imprensa, o número está entre 53.800 e 59 mil.
O governo iraquiano rejeitou o relatório da ONU. "Eles podem estar colhendo os números de opositores do governo ou dos americanos. Eles não são precisos", disse Hakem al Zamili, vice-ministro da Saúde.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Nicarágua: Ortega quer ampliar poder sobre Exército
Próximo Texto: Irã conseguiu comprar armas dos EUA, afirma relatório
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.