São Paulo, segunda, 17 de fevereiro de 1997.

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Frente Nacional ganha adeptos

de Paris

Intelectuais e artistas franceses começaram a protestar contra o projeto de imigração na mesma semana em que o partido de extrema-direita FN (Frente Nacional) conquistou a sua quarta prefeitura no país, causando preocupações à esquerda e à direita.
Também nesta semana, o jornal parisiense ``Le Monde'', o mais prestigioso do país, divulgou uma pesquisa segundo a qual candidatos da FN poderiam chegar ao segundo turno em 200 distritos (quase 40%) nas eleições legislativas do ano que vem.
Os dados foram retirados da publicação ``Politique Opinion'', editada pelos principais institutos de sondagem de opinião do país.
Segundo o jornal, a FN ameaçaria principalmente deputados dos partidos de direita RPR (Reunião pela República) e UDF (União pela Democracia Francesa), mas também do Partido Socialista.
Analistas políticos dizem que, com o atual projeto sobre imigração, o governo pretende barrar o crescimento e a influência da FN.
O partido, liderado por Jean-Marie Le Pen, faz do combate aos imigrantes uma de suas principais bandeiras.
Ontem, a posse de Catherine Mégret na prefeitura de Vitrolles, no sul da França, foi marcada por protestos contra a FN.
Pela primeira vez, o partido conseguiu maioria absoluta em uma eleição (52,5% dos votos), fenômeno não verificado nas vitórias eleitorais nas cidades de Toulon, Marignane e Orange.
Às 10h, enquanto Mégret era empossada no cargo, 300 integrantes da associação ``Ras le Front'' (abaixo a Frente Nacional) se concentraram na praça da prefeitura aos gritos de ``o fascismo não passará'' e ``nique ton maire'' (``foda seu prefeito'', num jogo com o nome do grupo de rap NTM, iniciais de ``Nique ta Mère'', ``foda sua mãe'', cujos integrantes foram condenados à prisão depois de uma apresentação em Toulon).
Em frente ao manifestantes, cerca de cem militantes da FN prestavam seu apoio a Mégret. Policiais se misturaram à multidão para evitar incidentes.
Os manifestantes da ``Ras le Front'' exibiam cartazes com fotos de uma câmara de gás e as palavras ``o detalhe'', numa menção a Le Pen, que afirmou que as câmaras de gás para judeus foram um ``detalhe'' na 2¦ Guerra Mundial.
(BB)


*Com agências internacionais

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