São Paulo, terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

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REPRESSÃO

Enviada da ONU, que não tem permissão para entrar na ilha, diz que relatos apontam "condições alarmantes"

ONU ataca condições de presos em Cuba

DA REUTERS

Uma enviada da ONU a Cuba disse ontem que dezenas de dissidentes cubanos detidos numa onda de repressão no início do ano passado estão sendo mantidos presos em condições alarmantes.
A magistrada francesa Christine Chanet, indicada pelo Alto Comissariado para Direitos Humanos da ONU para investigar denúncias de abusos em Cuba, afirmou não ter tido resposta aos apelos feitos ao ditador Fidel Castro pela anistia dos dissidentes. Apesar do título de "enviada", recebido em janeiro de 2003, Chanet ainda não teve autorização para visitar a ilha caribenha.
Em seu primeiro relatório sobre a situação dois dissidentes, Chanet disse ter recebido "informações especialmente alarmantes sobre as condições de detenção dessas pessoas".
Segundo essas informações, os presos são transferidos com freqüência de uma prisão para outra, muitas vezes para locais distantes de onde vivem suas famílias, o que dificulta as visitas. Além disso, eles são mantidos "sob condições físicas e psicológicas difíceis, quer seja em celas isoladas ou misturados a criminosos comuns", afirmou Chanet.

Protestos
Em abril do ano passado, Cuba gerou protestos internacionais ao condenar cerca de 75 dissidentes -alguns deles com mais de 60 anos- a até 28 anos de prisão sob a acusação de "conspirar com os EUA para derrubar o governo comunista". Em resposta à onda repressora, a União Européia e vários países europeus suspenderam ou limitaram suas relações econômicas com Cuba.
Chanet também criticou os EUA pelo bloqueio econômico imposto contra a ilha nos últimos 40 anos. "Não se pode ignorar os efeitos desastrosos e persistentes do embargo, em termos econômicos e sociais, sem falar no que diz respeito aos direitos civis e políticos", escreveu.
O relatório, que será apresentado na sessão anual da Comissão de Direitos Humanos da ONU, em março, pede ao governo de Fidel Castro que conceda aos cidadãos direitos fundamentais, tais como o de livre expressão, o de reunião e o de deixar o país.
No ano passado, numa moção submetida por quatro países latino-americanos (Peru, Nicarágua, Costa Rica e Uruguai), a comissão da ONU exortou Cuba a aceitar a visita da enviada especial.
Mas Cuba acusou os países de serem "lacaios" e disse que a comissão faria melhor em voltar sua atenção às condições vigentes em Guantánamo, a base naval norte-americana na ilha onde se encontram detidos suspeitos de integrarem a rede terrorista Al Qaeda e o deposto regime extremista islâmico do Taleban (afegão).


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