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Oposição venezuelana realça recorde de votação em 10 anos
Para os adversários de Chávez, desafio na eleição de 2012 é forjar programa que vá além da polarização com presidente
Apesar de críticas a uso da máquina, presidenciável opositor reconhece que
o governo "conseguiu organizar uma maioria"
DE CARACAS
Após reconhecer a vitória do
governo no referendo de domingo, porta-vozes da oposição
venezuelana defenderam ontem uma reformulação de sua
estratégia política para tentar
vencer a reeleição presidencial
de 2012. Eles também "celebraram" a mais alta votação obtida
desde o início da era Hugo Chávez, há dez anos.
"A oposição ainda não se
transformou numa verdadeira
alternativa. É essa a tarefa que
temos a partir de agora. E, para
construir uma nova maioria,
temos de fazer uma proposta
que supere a polarização, que
fale ao venezuelano sobre os temas que nos unem, e não apenas dos aspectos que nos dividem", disse à Folha o ex-prefeito de Chacao (município de
Caracas) Leopoldo López, 37,
um dos principais "presidenciáveis" da oposição.
No ano passado, López foi
impedido de se candidatar ao
governo distrital de Caracas,
onde as pesquisas lhe davam
70% das intenções de voto. A
Controladoria-Geral da República, controlada pelo chavismo, o declarou inelegível por
suposto envolvimento num caso de corrupção. Até agora, ele
não foi julgado pelo caso.
Em avaliação semelhante, o
sociólogo Edgardo Lander
acredita que a oposição tenha
de se esforçar para ter uma plataforma comum, e não apenas
se unir para enfrentar Chávez.
"É mais fácil colocar-se de
acordo para se opor a uma
emenda constitucional do que
ter uma candidatura única. Isso quer dizer que, para 2012, o
governo sai com vantagem porque já tem um candidato bem
forte, enquanto a oposição tem
de buscar um candidato único
que não é óbvio", afirmou o
professor da Universidade
Central da Venezuela.
Recorde
Apesar da derrota, vários
porta-vozes da oposição, como
o governador de Caracas, Antonio Ledezma, ressaltaram a votação recorde obtida no domingo, 5,2 milhões de votos. Antes,
o máximo havia sido 4,5 milhões de eleitores, no referendo
de dezembro de 2007.
"É um resultado esplêndido
porque está quase oito pontos
percentuais acima da média
que a oposição obtida até quase
dois anos atrás", disse o diretor
do jornal "Tal Cual" e ex-candidato presidencial Teodoro Petkoff, para quem a derrota de
Chávez nas eleições presidenciais de 2012 será "inevitável".
Apesar de criticar duramente
o uso da máquina do Estado,
nenhum porta-voz da oposição
desconheceu os resultados, sinal de que o debate entre participar ou não de eleições já foi
superado.
Em 2005, o oficialismo elegeu todos os deputados da Assembleia Nacional depois que
os partidos oposicionistas retiraram suas candidaturas. A
próxima eleição para o Legislativo ocorrerá em 2010.
"É preciso reconhecer que,
independentemente do abuso,
da manipulação de poder, do
uso indiscriminado dos recursos financeiros, midiáticos e judiciais, o governo conseguiu organizar e levar a votar uma
maioria de eleitores", afirmou
López, em entrevista concedida na praça Altamira, principal
reduto da oposição em Caracas.
(FABIANO MAISONNAVE)
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