São Paulo, quarta-feira, 17 de março de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Palestinos se preparam para grande operação israelense em Gaza

Israel cerca Gaza e mata 2 palestinos

DA REDAÇÃO

Em meio a uma ampla mobilização de tropas de Israel para realizar uma operação militar que pode durar semanas na faixa de Gaza, disparos feitos por helicópteros israelenses mataram dois palestinos na região ocupada ontem, no que seria a etapa inicial da resposta ao duplo atentado suicida de domingo no porto de Ashdod, que matou dez pessoas.
A ação em Gaza ocorreu horas depois de o gabinete de segurança israelense aprovar um plano para intensificar os chamados "assassinatos seletivos" de lideranças de grupos terroristas, que haviam diminuído nos últimos meses.
O Exército de Israel afirma que dois membros do grupo terrorista Jihad Islâmico foram mortos no ataque aéreo de ontem. Porém autoridades palestinas dizem que as vítimas eram civis.
O alvo do disparo seria a casa de Mohammed al Kharoubi, uma importante liderança do Jihad, responsável por dezenas de ataques contra Israel. O grupo disse em seu site na internet que Kharoubi sobreviveu ao ataque.
Segundo autoridades palestinas, ao menos 14 pessoas se feriram no ataque, incluindo uma criança de dois anos.
Saeb Erekat, principal negociador palestino, condenou o ataque. "O que é preciso para quebrar o ciclo de violência não é uma mentalidade revanchista, mas uma mentalidade de reconciliação e de negociação", afirmou.
O premiê israelense, Ariel Sharon, cancelou encontro que teria ontem com o premiê palestino, Ahmed Korei, após o duplo atentado e afirmou que vai combater as lideranças do terror.
O xeque Ahmed Yassin, líder espiritual do grupo terrorista Hamas, afirmou que a organização sobreviverá a qualquer ataque israelense. "Quando um líder do Hamas é morto, centenas de outros emergem", afirmou.
"Se Sharon declarou uma guerra, nós aceitamos o desafio e iremos lutar", afirmou Abu Qusay, líder das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, ligadas ao Fatah (facção política de Iasser Arafat).
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado Adam Ereli disse que Israel é uma vítima do terror e tem o direito de se defender, embora deva ter consciência das conseqüências de suas ações militares.
Tanques e soldados se reuniram ontem perto da fronteira de Israel com a faixa de Gaza para a operação militar que poderia começar a qualquer momento.
Famílias dos dois terroristas que cometeram o atentado em Ashdod deixaram as suas casas porque Israel costuma destruir as residências dos suicidas. O atentado pode ter sido o primeiro em toda a Intifada (levante palestino), iniciada em setembro de 2000, cometido por terroristas que vieram de Gaza, região inteiramente cercada por cercas israelenses.
As forças de segurança palestinas também deixaram seus quartéis-generais, alvos constantes das ações israelenses. Ao anoitecer, centenas de palestinos se enfileiravam em padarias e mercados para estocar comida diante de um possível ataque de Israel.
"Israel é obrigado a tomar medidas defensivas para proteger o seu povo até que os palestinos decidam colocar um fim ao terrorismo", disse David Baker, assessor de Sharon. Segundo o jornal israelense "Haaretz", a ofensiva pode durar semanas.


Com agências internacionais


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