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EUA pressionam líder do Paquistão
Segundo diplomatas, Washington usou ajuda financeira para que aliado recuasse e restituísse juiz
Pressão veio ainda das ruas,
onde protestos eclodiram
desde cassação dos direitos
de ex-premiê Sharif; partido
governista dá sinais de cisão
DA REDAÇÃO
Washington usou sua ajuda
financeira ao Paquistão para
pressionar o governo aliado a
conter o tumulto social, fomentado pela recusa de Islamabad
de restituir os juízes afastados
pelo ex-ditador Pervez Musharraf -uma promessa de
campanha do PPP (Partido do
Povo Paquistanês) vetada pelo
presidente Asif Ali Zardari.
A crise foi contornada ontem, com o recuo de Islamabad,
que acatou as principais demandas dos manifestantes e
cedeu à pressão das ruas, da Casa Branca e das próprias Forças
Armadas. Em pronunciamento
recebido com festa nas principais cidades, o premiê Yousuf
Gilani anunciou a volta dos juízes e a libertação das centenas
de pessoas que foram detidas
durante os protestos.
O retorno do presidente da
Suprema Corte, Iftikhar
Chaudhry, é uma derrota política para Zardari, que teme o
cancelamento de sua anistia
em processos por corrupção. O
governo estuda um pacote
constitucional, que deve reduzir os poderes da Presidência,
inflados durante o regime militar de Pervez Musharraf, no poder até o ano passado.
Para a secretária de Estado
americana, Hillary Clinton, a
volta de Chaudhry é "o primeiro passo de uma reconciliação
muito necessária ao Paquistão". Hillary não confirmou a
informação, vazada por diplomatas, de que tenha usado a
ajuda dos EUA para pressionar
por um acordo entre Zardari e o
ex-premiê Nawaz Sharif, do
PML-N (Partido da Liga Muçulmana-Nawaz), principal legenda da oposição.
A estabilidade do país é crucial para o projeto dos EUA de
pacificar o vizinho Afeganistão
-as regiões de fronteira são base do Taleban.
Hillary conversou no sábado
com Zardari e Sharif e pode ter
sido uma das "fiadoras" da guinada conciliatória de Islamabad. O envolvimento de terceiros na negociação era uma exigência de Sharif.
Rivais históricos, o centro-esquerdista PPP e o PLM-N
(conservador moderado) uniram-se no combate a Musharraf, mas romperam após divergência sobre a indicação de
Zardari para a Presidência e o
descumprimento do acordo sobre a volta dos juízes.
A cassação dos direitos políticos de Sharif e de seu irmão
-governador do Punjab, substituído por um aliado de Zardari- foi o estopim da recente onda de protestos pela volta dos
magistrados.
Com sólida maioria, o PPP
não precisa dos deputados do
PLM-N para governar. Mas a
recusa em restituir os juízes
afastados, a repressão aos protestos e a tentativa de censurar
a imprensa rachou o partido,
tradicionalmente o mais progressista do país.
A ministra da Informação,
Sherry Rehman, pediu demissão no sábado, em protesto
contra a tentativa de censura às
TVs, atribuída à Presidência.
No domingo, a repressão aos
protestos em Lahore -capital
do Punjab e segunda maior cidade paquistanesa- culminou
com a deserção da polícia, que
passou a apoiar os manifestantes, com endosso de seu superintendente local.
Após duas horas de embates
em Lahore, a polícia recuou e
multidões passaram a ocupar a
região com bandeiras com retratos de Sharif. O ex-premiê,
que desafiara a ordem de prisão
domiciliar para se unir aos protestos, seguiu em carreata até a
capital, Islamabad, e chegou a
anunciar o "prelúdio" de uma
revolução, mas recuou após ter
suas demandas atendidas.
Com agências internacionais
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