São Paulo, sábado, 17 de abril de 2004

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Plano de Bush para Iraque é de 2001, diz livro

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, já pensava em invadir o Iraque em novembro de 2001, em meio à Guerra do Afeganistão, quando pediu sigilosamente que o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, atualizasse os planos para uma ataque contra o ditador Saddam Hussein.
A revelação está no livro "Plan of Attack" (plano de ataque), do jornalista Bob Woodward, a ser lançado na semana que vem e que reconstitui os preparativos de uma guerra começada só em 20 de março de 2003.
Bush pediu a Rumsfeld que mantivesse o plano militar para o Iraque sob o mais rigoroso sigilo. George Tenet, o diretor da CIA, e sua assessora de Segurança Nacional, Condoleezza Rice, nada souberam. Bush disse a Woodward temer que o vazamento do plano passasse a imagem de um presidente predisposto a planejar uma guerra quando ainda engajado em outra, a do Afeganistão.
Bush afirmou que arcaria com "um enorme ódio internacional e especulações domésticas" caso seu plano viesse a público. Os EUA, em novembro de 2001, operavam no Afeganistão. A prioridade era neutralizar a Al Qaeda e capturar Osama Bin Laden, responsáveis pelo 11 de Setembro.
O livro também diz que o general Tommy Franks, responsável pelas operações em solo afegão, reagiu com impropérios quando o Pentágono pediu que ele pensasse num plano para o Iraque.
Ontem, em entrevista coletiva, Bush comentou as informações de Woodward. "Naquele momento, eu estava com minha atenção concentrada no Afeganistão e só mais tarde comecei a me preocupar com o Iraque", afirmou. Também disse não se lembrar da conversa reservada com Rumsfeld, em 21 de novembro de 2001.
Woodward, do "Washington Post", foi o autor, com Carl Bernstein, das reportagens sobre o envolvimento do presidente Richard Nixon no escândalo do Watergate. Nixon renunciou à Presidência, em 1974, para escapar ao impeachment.
O livro de Woodward não é o primeiro a revelar que Bush sonhava há um bom tempo com a Guerra do Iraque. Revelação idêntica foi feita por Paul O"Neill, secretário do Tesouro no início da atual administração e depois rompido com o presidente.
Em janeiro último, ele disse que, tão logo tomou posse, Bush já pensava em derrubar Saddam e que o Iraque era para a Casa Branca uma prioridade bem maior que o terrorismo islâmico.
Tal sentimento foi revelado pela primeira vez em abril de 2003. Christopher Meyer, ex-embaixador britânico em Washington, disse à BBC que, ao receber a visita de Tony Blair logo após o 11 de Setembro, Bush disse ao premiê que deveriam invadir o Iraque.
Mas Blair o convenceu de que a prioridade estava no Afeganistão, para destruir o pró-terrorista regime islâmico do Taleban.


Com agências internacionais


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