São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 2006 |
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PERU Apuração, que prossegue em ritmo lento, reduziu a diferença entre os dois concorrentes à outra vaga no segundo turno García e Flores ensaiam pacto anti-Humala
FABIANO MAISONNAVE ENVIADO ESPECIAL A LIMA Estimuladas pela grande imprensa peruana e à espera do final da apuração, as campanhas de Lourdes Flores e de Alan García passaram o fim de semana ensaiando uma frente comum no segundo turno contra o candidato nacionalista Ollanta Humala. A apuração, que chegou ao oitavo dia ontem, prosseguiu em ritmo lento ao longo do feriado da Semana Santa, com uma ligeira recuperação de Flores: apurados 89,5% dos votos até ontem à tarde, a direitista estava com 23,5%, contra 24,3% de García. A diferença agora é de apenas 0,8% -rompendo a barreira psicológica de 1% que predominou na semana passada-, o que corresponde a 95.619 eleitores. Humala, que passou o final de semana descansando fora de Lima, lidera com 30,9% dos votos. Enquanto o resultado não sai, alguns dos principais meios de comunicação -que fazem ampla campanha contra Humala- pressionam para um acordo político. Anteontem, a Rádio Programas do Peru (RPP) chegou a organizar uma entrevista coletiva sobre o tema com os principais porta-voz da Unidade Nacional, de Flores, e do Apra (Aliança Popular Revolucionária Americana), de García. Durante o encontro, na descrição do tradicional jornal "El Comercio", "a imprensa buscava arrancar dos dois porta-vozes algum compromisso democrático de verdade". O "El Comercio" é um dos que mais pressionam por um acordo Flores-García, defendido no editorial de ontem: "Trata-se advertir a cidadania sobre o risco patente que vivemos e dialogar amplamente para derrotar esse perigo, deixando de lado interesses partidários antigos". Se esse era de fato o objetivo da entrevista coletiva, o resultado soou frustrante, mas os dois partidos não descartaram uma aliança e prometeram respeitar os resultados: "Não há noivado nem casamento", disse Xavier Barrón, porta-voz de Flores. "Nem sequer há namoro. No máximo, uma flechada [de cupido]!", comparou. "Não temos falado sobre alianças", disse à Folha ontem o deputado Jorge del Castillo, secretário-geral do Apra e representante do partido no encontro com Barrón. "Seguramente, é preciso buscar um caminho de entendimento, mas neste momento, não." Questionado se a pressão por um entendimento vem da imprensa, Del Castillo disse que "sim, é verdade. Há certas pressões da imprensa, mas temos de buscar esse acordo sobre a base de um programa. Creio que seja o interesse de muitos setores buscar uma solução democrática", afirmou o líder aprista. Del Castillo voltou a prognosticar uma vitória de García com um mínimo de 30 mil votos sobre Flores e disse que o partido espera o resultado para hoje. Mais cautelosa, Flores disse ontem à RPP que "as diferenças serão mínimas", mas se diz confiante em chegar ao segundo turno, que deve ser realizado no final de maio ou início de junho. A principal esperança de Flores está nos votos vindos do exterior. Analistas também têm duvidado da eficácia de uma frente anti-Humala, pois traria o risco de reforçar a imagem de opositor das "forças políticas tradicionais", um dos principais motes da campanha do candidato nacionalista. García e Flores protagonizaram uma dura disputa nas últimas semanas de campanha. O candidato do Apra a elegeu como alvo preferencial e conseguiu rotulá-la de "a candidata dos ricos". Já Flores criticou duramente o governo García (1985-1990), marcado pela hiperinflação, pela recessão econômica e sobretudo pela violência fora de controle promovida pelo grupo terrorista Sendero Luminoso. Texto Anterior: Itália: Ministro se opõe ao premiê sobre eleição Próximo Texto: Quadro eclético compõe partido de nacionalista Índice |
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