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Após debate, azarão vira opção real para britânicos
Pesquisa indica migração de eleitores de partidos tradicionais para liberais democratas
Aumento de apoio popular a Nick Clegg torna ainda mais incerto resultado das eleições de maio, as mais importantes dos últimos 13 anos no país
DA REDAÇÃO
O primeiro debate na história do Reino Unido entre líderes dos principais partidos do
país, anteontem, teve um claro
impacto na intenção de voto
dos britânicos, que agora veem
o liberal democrata Nick Clegg
como um potencial ocupante
do cargo de primeiro-ministro
após as eleições de 6 de maio.
Em pesquisa ICM para o jornal "The Guardian", divulgada
ontem, 23% dos 505 entrevistados disseram que irão mudar
o voto após o debate entre
Clegg, o premiê trabalhista
Gordon Brown, e o líder conservador, David Cameron. A
maioria destes (54%) disse que
irá votar em Clegg.
O levantamento mostra
Clegg -apontado como o vencedor do debate- empatado
com Brown na preferência dos
eleitores (os dois receberam
29% das menções dos entrevistados sobre quem acham que
seria o melhor primeiro-ministro). O conservador Cameron
permanece à frente, com 33%.
Outro levantamento, da
ComRes para a emissora ITV,
diz que o apoio aos liberais democratas subiu 14 pontos percentuais e atingiu 35%, ficando
atrás dos conservadores por
apenas um ponto, mas à frente
dos trabalhistas por 11.
Criado da união de duas legendas centristas, o Partido Liberal Democrata conquistou
um número inédito de cadeiras
no Parlamento nas eleições gerais de 2005 por conta de sua
oposição à guerra do Iraque.
Ontem, Clegg disse que ainda
há muito trabalho a ser feito.
"Se [o debate] deu confiança à
população de que ela pode escolher algo diferente do que a
"velha política", então [o debate]
mudou alguma coisa", afirmou.
O crescimento do apoio aos
liberais democratas embola
ainda mais o cenário das eleições, tidas como as mais importantes dos últimos 13 anos. Recentes pesquisas indicam que
os conservadores conquistarão
a maior parte dos 650 assentos
no Parlamento britânico, mas
não o suficiente para formar
um governo de maioria.
Dessa forma, Cameron terá
de fazer alianças para ter votos
de deputados em número suficiente para a aprovação de leis.
Isso transforma os liberais democratas em uma força política
importante, segundo disse à
Folha o professor do Departamento de Governo da Universidade de Essex Paul Whiteley.
"Eles sairão dessas eleições
com muito mais poder em
mãos do que tiveram no passado. Em um provável Parlamento de minoria, certamente serão procurados pelo partido
vencedor para formar algum tipo de coalizão", disse.
O debate de anteontem, cujo
tema foi política interna, foi assistido por 9,4 milhões de telespectadores -há cerca de 44 milhões de eleitores no país. No
dia 22, será discutida a política
externa. O último debate, dia
29, será focado em economia.
Com agências internacionais
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