São Paulo, sábado, 17 de abril de 2010

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Após debate, azarão vira opção real para britânicos

Pesquisa indica migração de eleitores de partidos tradicionais para liberais democratas

Aumento de apoio popular a Nick Clegg torna ainda mais incerto resultado das eleições de maio, as mais importantes dos últimos 13 anos no país


DA REDAÇÃO

O primeiro debate na história do Reino Unido entre líderes dos principais partidos do país, anteontem, teve um claro impacto na intenção de voto dos britânicos, que agora veem o liberal democrata Nick Clegg como um potencial ocupante do cargo de primeiro-ministro após as eleições de 6 de maio.
Em pesquisa ICM para o jornal "The Guardian", divulgada ontem, 23% dos 505 entrevistados disseram que irão mudar o voto após o debate entre Clegg, o premiê trabalhista Gordon Brown, e o líder conservador, David Cameron. A maioria destes (54%) disse que irá votar em Clegg.
O levantamento mostra Clegg -apontado como o vencedor do debate- empatado com Brown na preferência dos eleitores (os dois receberam 29% das menções dos entrevistados sobre quem acham que seria o melhor primeiro-ministro). O conservador Cameron permanece à frente, com 33%.
Outro levantamento, da ComRes para a emissora ITV, diz que o apoio aos liberais democratas subiu 14 pontos percentuais e atingiu 35%, ficando atrás dos conservadores por apenas um ponto, mas à frente dos trabalhistas por 11.
Criado da união de duas legendas centristas, o Partido Liberal Democrata conquistou um número inédito de cadeiras no Parlamento nas eleições gerais de 2005 por conta de sua oposição à guerra do Iraque.
Ontem, Clegg disse que ainda há muito trabalho a ser feito. "Se [o debate] deu confiança à população de que ela pode escolher algo diferente do que a "velha política", então [o debate] mudou alguma coisa", afirmou.
O crescimento do apoio aos liberais democratas embola ainda mais o cenário das eleições, tidas como as mais importantes dos últimos 13 anos. Recentes pesquisas indicam que os conservadores conquistarão a maior parte dos 650 assentos no Parlamento britânico, mas não o suficiente para formar um governo de maioria.
Dessa forma, Cameron terá de fazer alianças para ter votos de deputados em número suficiente para a aprovação de leis. Isso transforma os liberais democratas em uma força política importante, segundo disse à Folha o professor do Departamento de Governo da Universidade de Essex Paul Whiteley.
"Eles sairão dessas eleições com muito mais poder em mãos do que tiveram no passado. Em um provável Parlamento de minoria, certamente serão procurados pelo partido vencedor para formar algum tipo de coalizão", disse.
O debate de anteontem, cujo tema foi política interna, foi assistido por 9,4 milhões de telespectadores -há cerca de 44 milhões de eleitores no país. No dia 22, será discutida a política externa. O último debate, dia 29, será focado em economia.

Com agências internacionais



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