São Paulo, segunda-feira, 17 de maio de 2004

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EUA aceitariam teocracia iraquiana, diz Powell

DA REDAÇÃO

O secretário de Estado americano, Colin Powell, disse ontem que os EUA estão dispostos a "aceitar" qualquer tipo de governo iraquiano oriundo de eleições democráticas, inclusive um regime teocrático. A afirmação é a primeira vinda do alto escalão de Washington que classifica a possibilidade como aceitável, já que os EUA vêm defendendo a laicidade do futuro governo e tentando estancar a escalada do poder de líderes religiosos xiitas.
"Teremos que aceitar o que o povo iraquiano escolher", disse Powell à rede de TV NBC ao ser indagado sobre a reação dos EUA à eventual instauração de um regime como o do Irã, acrescentando que esse regime "deve respeitar os direitos humanos e não permitir a chegada de um regime puramente fundamentalista".
Powell, que esteve na Jordânia para um fórum econômico, disse ainda que as tropas americanas permanecerão no Iraque "por um período considerável" após a criação do governo interino iraquiano, em 30 de junho.
Mas em sua edição de hoje, o jornal britânico "The Times" afirma que Washington e Londres decidiram "mudar a velocidade" da transferência do controle da segurança do país. "Não vamos fugir, mas a intenção é criar uma estratégia que permita aos iraquianos tomar o controle de sua segurança o quanto antes e que nos permita sair o quanto antes", disse uma fonte anônima sem dar detalhes. O Pentágono prevê que as tropas fiquem no país ao menos até o fim de 2005.

Tortura e violência
O programa "This Week", da rede ABC, indagou Powell se seu colega Donald Rumsfeld, da Defesa, deveria renunciar e se a prisão de Abu Ghraib, palco da tortura de iraquianos, seria demolida.
"Vamos ter que decidir qual a melhor ação a tomar. Mas não há dúvida de que esse incidente nos deixou com uma má reputação perante o mundo", disse. "O presidente [George W. Bush] pediu desculpas em nome do país, e eu gostaria de reforçar esse pedido."
A violência prosseguiu no Iraque com a morte de sete civis, inclusive gêmeas de dois anos. Três funcionárias iraquianas da coalizão foram mortas a tiros em um ataque de insurgentes contra o microônibus que as levava para o trabalho, em Bagdá, e uma família foi vítima de um foguete dos rebeldes direcionado à base britânica vizinha à sua casa, em Basra.
A TV Al Jazira, de Qatar, exibiu imagens de dois russos seqüestrados no último dia 10, pelos quais os captores exigem a retirada das tropas estrangeiras. Moscou não tem soldados no Iraque, apenas civis atuando na reconstrução.


Com agências internacionais

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