São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 2011 |
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ANÁLISE Prisão do chefe do FMI vem em momento ruim para a Europa FERNANDO CANZIAN DE SÃO PAULO A prisão em Nova York de Dominique Strauss-Kahn é péssima notícia para os países da zona do euro hoje pendurados em pacotes de socorro bilionários. Strauss-Kahn foi detido a bordo de um avião que o levaria a uma reunião de "convencimento" com a chanceler alemã Angela Merkel. Economia mais forte e equilibrada hoje na Europa, a Alemanha é quem mais resiste a bancar os vizinhos. No encontro com Merkel, Strauss-Kahn faria a defesa de um segundo pacote de ajuda à Grécia, estimado em US$ 80 bilhões. Os gregos já receberam US$ 155 bilhões no ano passado. Um quarto do dinheiro saiu do cofre do FMI. O Fundo Monetário Internacional também promete entrar com um terço dos US$ 110 bilhões negociados para resgatar Portugal (o restante vem da União Europeia). BOM MOMENTO A crise global de 2008/ 2009 foi uma oportunidade ímpar para Strauss-Kahn e o FMI. Antes dela, o Fundo se debatia em uma séria crise financeira e existencial. Até o desastre financeiro mundial, poucos países tinham dívidas com o Fundo, que recebe juros por seus empréstimos. São esses juros que pagam as contas do FMI. A instituição, que vive cobrando austeridade fiscal de todo mundo, rumava rapidamente para um deficit anual de US$ 400 milhões. Para contê-lo, o Fundo ensaiava um corte de US$ 100 milhões em despesas e cogitava vender 403 toneladas de suas reservas em ouro (de 3.217 toneladas). Quando veio a crise, Strauss-Kahn a batizou de "Grande Recessão", nome que pegou na hora. E ele não só abriu rapidamente o caixa do Fundo, multiplicando o número de países receptores, como chamou para si a responsabilidade por coordenar respostas ao desastre global. Entre elas, estimular que países emergentes como o Brasil relaxassem os gastos públicos e o crédito, compensando o rápido encolhimento da atividade nos países ricos. Isso de fato ajudou a tirar o mundo da beira do abismo. Embora já estivesse mesmo de saída para concorrer à Presidência da França, Strauss-Kahn deverá fazer falta em momento crucial para os países que mergulharam mais fundo na crise. Texto Anterior: Escândalo dá força à extrema direita Próximo Texto: Dívida americana bate no teto com disputa política por gastos Índice | Comunicar Erros |
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